O tema não traz unanimidade, lança questões e as opiniões dividem-se. Portugal tem procura suficiente para a integração de seguros de saúde animal? A oferta existente diz respeito a seguros de saúde ou cartões de desconto? E é clara a diferenciação entre ambos os serviços por parte dos clientes? A VETERINÁRIA ATUAL foi ouvir médicos veterinários e profissionais de seguradoras e outras empresas. O debate ainda agora começou…
Será que o mercado veterinário português está preparado para a generalização de seguros de saúde animal? E a oferta que existe no País é suficientemente bem explicada, por um lado, aos tutores e, por outro, aos médicos veterinários? O médico veterinário Luís Montenegro começa por afirmar que não existe clareza na informação partilhada, o que gera confusão entre a classe, podendo trazer também uma noção um pouco distante da realidade por parte dos tutores que, muitas vezes, subscrevem serviços que não conhecem assim tão bem. O facto de ter trabalhado há uns anos como mediador de seguros, como partilhou à VETERINÁRIA ATUAL, permitiu-lhe conhecer bem este setor. “O que acontece é que, muitas vezes, as pessoas confundem seguros de saúde com cartões de desconto. São produtos distintos”, afirma. Enquanto diretor do Hospital Referência Montenegro (HRM) e conhecedor dos custos elevados ao negócio que gere, opta por estar associado a seguros de saúde que considera “importantes”, mas não a cartões de desconto, por defender que “não trazem benefícios”.
Não tem dúvidas de que o tema exige uma abordagem séria, sugerindo que o médico veterinário tem de ser devidamente formado e esclarecido para fazer um bom uso do seguro. “Também não podemos ter seguros de saúde com valores baixos e querer também que a sua cobertura seja brutal e total”, defende. Tem noção dos desafios para as empresas que vendem seguros: os mesmos só serão sustentáveis quando uma grande quantidade de tutores subscrever estas alternativas. “Enquanto médico, sabendo que estou a praticar o preço mais baixo que posso para ter alguma margem de lucro, inclusive para poder reinvestir, não encontrei nenhuma oferta de cartões de saúde que considerasse atrativa. Muitas pessoas adquirem estes cartões e consideram erradamente que têm um seguro de saúde.”
O Hospital Veterinário de Viseu (HVV) trabalha com todos os seguros de saúde animal de reembolso, emitindo os relatórios solicitados de modo a que o tutor seja ressarcido da parte eventualmente coberta pelo seguro. “De momento, rejeitamos todos os seguros de copagamento (convencionados), porque dos contactos recebidos e que encontrámos no mercado, não identificámos qualquer solução diferenciadora. Sobretudo, quando essas ofertas passam por soluções ou acordos efetuados através de redes de assistência, cujo único objetivo visa o seu próprio benefício económico em sacrifício dos CAMV, com descontos no seu preçário de serviços. Estas soluções não são seguros. São cartões de desconto”, começa por afirmar a diretora do HVV, Isabel Maia. Considerando que a tabela do HVV é “justa” e adequada ao custo dos serviços que o hospital presta, a responsável não considera “ético e aceitável distinguir preços entre clientes e redes de assistência ou seguradoras que não aportam qualquer valor acrescentado”.
Opinião semelhante é partilhada por Beatriz Sinogas, médica veterinária e diretora clínica da Clínica Veterinária das Avencas (CVA), na Parede, concelho de Cascais, que defende que está disponível para trabalhar com todos os cartões de seguro, os que verdadeiramente funcionam como tal e que estipulam “com o seu cliente um valor de franquia e um valor máximo por sinistro, reembolsando-os”. Numa mesma situação, “um cartão de desconto faz, por exemplo, 5% no sinistro, sendo o resto pago pelo tutor”, esclarece. Ainda para esta médica veterinária, a distinção entre as várias ofertas é importante, da mesma forma que os esclarecimentos corretos também o são. “As seguradoras que apostam em seguros de reembolso estão a pensar nos animais e a facilitar o acesso aos cuidados veterinários. As seguradoras que apostam em cartões de desconto estão apenas a pensar em faturar com clientes mal-informados”, defende.
“As seguradoras que apostam em seguros de reembolso estão a pensar nos animais e a facilitar o acesso aos cuidados veterinários. As seguradoras que apostam em cartões de desconto estão apenas a pensar em faturar com clientes mal-informados” – Beatriz Sinogas
O caso de Inglaterra
A realidade de outros países, como Inglaterra, é bem distinta, adiantam os médicos veterinários. “O mercado de seguros é muito diferente, não apenas no seguro de saúde animal, mas na generalidade dos diversos ramos de seguros. Além de uma maior penetração e dimensão, tanto seguradoras como segurados têm um papel recíproco de intervenção com o propósito de se obter a melhor solução e/ou produto, compreendendo muito bem o papel de cada um. Em suma, há respeito pelo animal, pelo tutor e pelo médico veterinário”, afirma Isabel Maia.
Em Portugal, acrescenta, ainda existem vários desafios a colmatar. “Julgo e desejo que, num futuro não muito distante, possamos discutir soluções melhores nos seguros de saúde animal, tal qual acontece há muitos e muitos anos noutros países.” Nesse aspeto, em Portugal, temos ainda de percorrer um longo caminho e não apenas no mercado dos seguros”, explica.
“O desafio atual passa por quebrar algumas ideias preconcebidas sobre o crédito ao consumo e a sua importância para a gestão de orçamento familiar”, defende Luís Sena, do Montepio Crédito
Para Luís Montenegro, o facto de os seguros de saúde funcionarem bem no mercado inglês deve-se a dois fatores principais: “Os seguros têm um prémio adequado às garantias do mesmo e há muita seriedade da parte da classe veterinária e das seguradoras.” Ainda assim, “não são seguros baratos porque permitem uma cobertura muito alargada”.
Em Portugal, fazer um seguro para um animal “ainda não é um hábito”, defende Teresa Martinho, diretora do Gabinete de Oferta Pet da Fidelidade. “A maioria dos donos nunca considerou sequer essa possibilidade, seja pelo preço ou pela qualidade das opções disponíveis, mas a Fidelidade acredita que esta geração de produtos tem características únicas e diferenciadoras em relação às alternativas de mercado”, adianta. O foco na medicina preventiva, a constituição de uma rede própria de CAMV referenciada pela qualidade de serviço, a possibilidade futura de o cliente optar entre o regime de reembolso ou de copagamentos em rede e a não existência de limite de idade máxima de permanência são algumas das mais-valias deste seguro anunciadas pela responsável. Além disso, destaque para a “credibilidade e notoriedade da marca Fidelidade, associada à qualidade de gestão da rede pela Multicare e a competitividade na relação preço / qualidade face à concorrência”.
Teresa Martinho acredita que há mercado para “seguros de saúde de qualidade que apostem numa estratégia de desenvolvimento a médio / longo prazo”.
Do lado da oferta
A aposta do Grupo Ageas Portugal surgiu de uma necessidade clara identificada no mercado pelo Millennium BCP, parceiro da seguradora na área de distribuição. “Clientes extremamente exigentes obrigaram à criação do seguro Pétis, que se mantém com sucesso no mercado há mais de dez anos. O próprio nome do produto tem uma associação intencional à Médis, uma marca também ela integrada no Grupo Ageas Portugal, de extrema relevância nos cuidados de saúde nacionais e assente no conceito integrado de prestação de cuidados de saúde”, explica Rita Travassos, diretora de marketing da Ocidental – Grupo Ageas Portugal. Independentemente de os clientes serem profissionais do setor ou tutores, o grande objetivo passa por “apoiar nos cuidados de saúde através de uma assistência medicamentosa e veterinária, minimizando os custos que seriam da responsabilidade dos proprietários destes animais domésticos”, acrescenta. Como os médicos veterinários estão na linha da frente nestes cuidados de saúde, “têm vindo a ser criadas parcerias com clínicas veterinárias, com a finalidade de assegurar que o Pétis mantenha uma capilaridade tal que consiga chegar a todos os portugueses”.
Já não é novidade que os animais de companhia são considerados como membros da família. “Mais de 50% dos lares portugueses possuem, pelo menos, um animal doméstico, como apontam estudos recentes e, nós, enquanto seguradora, preocupamo-nos em encontrar soluções para as necessidades de proteção dos nossos clientes. Como tal, não poderíamos ficar indiferentes a esta mudança e, por isso, demos início, há alguns anos, ao desenvolvimento de soluções de seguros e serviços com este objetivo”, explica Luís Anula, CEO da Mapfre em Portugal. O responsável considera vital que, na mesma medida em que apostamos em seguros de saúde para nós próprios, também há que garantir o bem-estar e a proteção dos animais de companhia. “Um seguro de saúde animal é um recurso fundamental, sobretudo no momento de enfrentar despesas extra relacionadas com urgências ou problemas de saúde que possam surgir”, explica o CEO.
A médica veterinária Isabel Maia considera que “aderir às redes, cartões ou falsos seguros, em que a rendibilidade já é negativa, é agravar as dificuldades económicas com que muitos CAMV se confrontam”
Mas não só. “As vantagens vão mais além, na medida em que é possível poupar até 50% em todos os todos atos médico-veterinários. Proporcionamos também vantagens exclusivas e descontos na alimentação e em serviços que começam a ter cada vez mais expressão, como banhos, tosquias, grooming, hotel, petsitting, dog-walking e transporte.”
São várias as opções de cobertura à medida das necessidades específicas dos donos de cães e de gatos. “Os nossos clientes têm acesso a vários hospitais, clínicas, consultórios e a copagamentos que representam uma poupança entre 30% a 50% em qualquer ato médico, seja um exame auxiliar de diagnóstico, uma vacina ou uma cirurgia, e poupam 15% em alimentação”. Considerando que ter um animal de estimação implica uma sobrecarga no orçamento familiar e é natural que surjam imprevistos que os tutores não estejam à espera, Luís Anula tem assistido a um aumento da frequência em consultas e check-ups e a uma maior recetividade por parte de hospitais, consultórios, clínicas veterinárias e outros prestadores de serviços e cuidados.
Foi também o crescimento de animais de companhia nos lares portugueses que levou a Fidelidade a trabalhar durante anos na criação do Pets, um seguro integrado de responsabilidade civil e saúde para animais de companhia. “Na definição do âmbito de cobertura mais aconselhável a planos de seguro para cães e gatos, tivemos o apoio técnico e a preciosa colaboração de um professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Foi essa a base a partir da qual construímos e selecionámos as soluções mais adequadas, tendo em atenção os níveis de preocupação e a disponibilidade financeira dos donos dos animais”, explica Teresa Martinho.
A primeira apresentação do Fidelidade Pets aconteceu em 2018, na Ordem dos Médicos Veterinários, “por respeito institucional e para melhor enquadramento em relação ao mercado”, conta a responsável. Desse primeiro momento resultou a validação de elementos essenciais e de comentários úteis para os contactos a desenvolver com os CAMV. “A Fidelidade assenta a constituição da Rede Pets em princípios fundamentais, como a referenciação de CAMV pelos nossos clientes e pontos de venda, identificação dos responsáveis clínicos relativamente aos nossos planos de seguro, negociação personalizada em função das valências e da localização do CAMV, definição de pontos de interesse comum que viabilizem uma parceria de médio / longo prazo e distribuição equilibrada a acompanhar a localização dos nossos clientes”, explica Teresa Martinho.
A recetividade a este seguro tem evoluído favoravelmente ao longo do tempo. “O Pets vai sendo divulgado pelos nossos clientes e é cada vez mais reconhecido nos CAMV que assistem os seus animais”, garante. Segundo dados transmitidos pela seguradora, o balanço “é muito positivo”, tendo a Rede Pets chegado aos 115 CAMV contratados, no final do ano de 2019, em todo o País.
A Animadomus surge da constatação de que não havia uma aposta em seguros de saúde para animais de companhia, ao contrário do que sucedia na grande maioria de países evoluídos. Foi “a lacuna do mercado” que levou ao surgimento deste projeto, garante Ruben Livreiro, diretor de operações. Dependendo dos motivos de recurso ao veterinário, seja por doença e/ou acidente, os seguros assumem-se, na opinião do responsável, como o garante da capacidade económica que permite a realização desses mesmo procedimentos. “Existem várias soluções disponíveis no mercado com capitais significativos e/ou com comparticipações que podem atingir os 100%”, diz. Há ainda outras modalidades associadas que facilitam a vida aos tutores: “O seguro está sempre presente no dia a dia do tutor, permitindo poupanças diretas até 50% em todos os atos médico-veterinários, sendo simultaneamente um apoio determinante nas ocorrências mais onerosas, como é frequente nas que, por exemplo, requerem cirurgia. “Os segurados, através de descontos até 20% na vertente de bem-estar, podem obter poupanças relevantes nos mais diversos produtos ou serviços, tais como, alimentação, banhos, tosquias, petsitting, alojamento, treino, etc.”, explica o responsável. Ruben Livreiro lembra que, em 2008, existia apenas um seguro de saúde. “Hoje, existem dez, dos quais oito funcionam na rede Animadomus e com níveis de crescimento muito interessantes. Nesta área do nosso negócio, nos últimos três anos, temos um crescimento médio anual acumulado superior a 30%.”
Resposta às críticas
Relativamente às críticas do setor, o diretor de operações considera que existe ainda muito trabalho a fazer, “seja ao nível da evolução dos seguros e suas garantias, dos serviços prestados aos segurados, bem como da divulgação que se faz para que se consigam chegar a mais pessoas. Não obstante, estima-se que cerca de 56% dos lares em Portugal tenham pelo menos um animal de companhia, estamos assim convictos que o potencial de crescimento é enorme.”
Não se revendo nas opiniões que criticam os “pseudo-seguros”, o responsável defende que uma mesma apólice pode ser conhecida como “mista”, incluindo “a opção de reembolso (na qual o segurado, após a liquidação de despesas, envia as mesmas para a seguradora e é reembolsado nas situações em que existe enquadramento com as condições gerais e/ou particulares da apólice) e managed care ou prestações diretas (na qual o segurado beneficia do seguro diretamente na unidade clínica aquando do pagamento dos serviços enquadrados nas condições gerais e/ou particulares da apólice, o chamado copagamento ou valor a cargo do segurado no âmbito do seguro)”, esclarece.
Garantindo e defendendo o exercício da atividade em “total transparência”, avança que as unidades que compõem a rede Animadomus conhecem as vantagens dos seguros. “Por este motivo, desde 2018, passámos a disponibilizar dados estatísticos atualizados mensalmente referentes à colaboração conjunta e aos seus benefícios.”
Luís Anula confirma que o seguro da Mapfre não funciona como reembolso, mas, sim, com copagamentos. No que respeita às críticas, responde: “Mensalmente, chegam à Mapfre diretamente e à rede com a qual trabalhamos – Animadomus – vários pedidos por parte de veterinárias, clínicas e outros prestadores para integrarem a rede. Pensamos que, se fosse assim tão desvantajoso, esta situação não ocorreria.” O CEO da empresa esclarece ainda que o cartão de cliente é atribuído a todos os tomadores “que fazem um seguro com a Mapfre, existindo sempre um componente de risco associado, pelo que o nosso cartão não é apenas um cartão de descontos”. Como meta futura, avança que a saúde animal preventiva é um dos aspetos a aprofundar mais e melhor através da consciencialização da importância e potencial dos vários seguros.
“Mensalmente, chegam à Mapfre diretamente e à rede com a qual trabalhamos – Animadomus – vários pedidos por parte de veterinários, clínicas e outros prestadores para integrarem a rede. Pensamos que, se fosse assim tão desvantajoso, esta situação não ocorreria”, diz Luís Anula, CEO da Mapfre, em resposta às críticas
“Pela nossa experiência curta, mas muito enriquecedora, de constituição da Rede Pets, conhecemos bem essas opiniões porque os CAMV têm vindo a partilhá-las connosco. Importa de facto distinguir, tanto na medicina humana como na animal, um verdadeiro seguro de saúde de um mero cartão de desconto”, explica Teresa Martinho. A Fidelidade “assume riscos em nome do seu cliente que são garantidos em coberturas e capitais, características que definem um verdadeiro seguro de saúde. Também na constituição da Rede, procurando estabelecer parcerias de médio/longo prazo, a Fidelidade tem consciência de que a sua viabilidade depende da manutenção de interesses e benefícios mútuos, pelo que os acordos não devem comprometer a qualidade do serviço prestado pelos CAMV, mas potenciar o crescimento e a fidelização das suas carteiras de clientes”, sublinha.
Isabel Maia considera que aderir “às redes, cartões ou falsos seguros, em que a rendibilidade já é negativa, é agravar as dificuldades económicas com que muitos CAMV se confrontam e é certamente incompatível com o exercício de um serviço de excelência”. Assumindo uma posição completamente contra aquilo a que intitula de “falsos seguros que não passam de cartões de desconto”, considera que existem redes que não passam de “um meio de esmagamento de preços que as seguradoras estão a aproveitar, aportando-lhe alguma credibilidade no consumidor. Os CAMV menos atentos às suas consequências têm aderido a este tipo de soluções”.
Transparência precisa-se
Luís Montenegro não tem dúvidas das vantagens dos seguros de saúde. “São muito importantes para os tutores e para a classe, mas têm de funcionar num ambiente transparente, sério e leal. Dentro dos vários sistemas existentes, considero que deve haver formação para que os seguros possam florescer.” Para a médica veterinária Isabel Maia, só existem vantagens na existência de seguros que funcionem verdadeiramente como tal. “A principal desvantagem, e que por tendência se verifica, é pensar-se no seguro de saúde animal sem trabalhar lado a lado com um dos principais intervenientes – o médico veterinário. A triste realidade é a de um aproveitamento da nossa ‘distração’ com o trabalho clínico propriamente dito e tentarem enganar-nos com pseudo-seguros que dizem apoiar-nos, porventura, naquilo que mais nos aflige — não termos como ajudar devidamente os nossos animais doentes porque o tutor não tem dinheiro.”
Também para Beatriz Sinogas, os cartões de desconto não são favoráveis à classe. “Dão prejuízo e não trazem clientes. O que acontece é que os nossos clientes que têm animais com doenças crónicas vão procurar estes cartões de desconto para os medicamentos ficarem mais baratos. Na prática, tenho muito poucos clientes que vieram porque viram o anúncio à clínica por parte dessas redes. Vêm à clínica porque tiveram uma boa referência e depois associam-se ao cartão (não o fazem por indicação nossa).” Constatando que os cartões de reembolso têm sido um assunto muito controverso, denota ainda que “as grandes cadeias de hospitais e clínicas, que têm suporte económico para todos estes cartões, aderem a tudo, enquanto as PME não podem dar-se ao luxo de fazer descontos, isto sem falar dos empresários em nome individual”.
Relativamente a projetos e novidades, o grupo Ageas associou-se, no ano passado, à OneVet, “um prestador de serviços de referência ibérica, resultante da criação de uma rede de hospitais e clínicas, que, além dos cuidados de saúde animal tradicionais, permite aos nossos clientes o acesso a descontos em serviços variados de saúde e bem-estar animal”, salienta Rita Travassos. A seguradora quer ainda crescer no digital e dar mais notoriedade a este tipo de produtos de seguro “não obrigatórios” com o objetivo de melhorar a experiência dos clientes.
Democratizar o acesso a cuidados médico-veterinários
Além das opções de seguros, o mercado também tem exigido a criação de linhas de crédito para facilitar os custos dos tratamentos médico-veterinários aos tutores. É o caso do Montepio Crédito. “Até à existência e divulgação destas soluções, estavam a ser os próprios hospitais ou clínicas a assegurar o financiamento dos cuidadores que a eles recorriam. Além de, em muitos casos, ser perfeitamente insustentável, do mero ponto de vista da gestão é contraproducente”, contextualiza Luís Sena, responsável pela direção comercial de crédito ao consumo deste banco.
Neste segmento de negócio, cabe aos CAMV a interação com os clientes finais durante a fase de concessão e formalização da operação de crédito. “Disponibilizamos uma plataforma online que permite a autonomização dos nossos parceiros em todo o processo. Temos também uma linha de apoio aos parceiros e uma equipa que acompanha cada uma das unidades, quer na formação dos seus colaborares, quer no esclarecimento de dúvidas que possam naturalmente surgir”, explica o responsável. O grande objetivo passa por democratizar o acesso aos cuidados médico-veterinários que deve, antes de mais, ser uma preocupação do setor”, acrescenta.
As soluções de financiamento vêm facilitar tratamentos para os quais os tutores não estão preparados para pagar. Luís Sena considera que “o desafio atual passa por quebrar algumas ideias preconcebidas sobre o crédito ao consumo e a sua importância para a gestão de orçamento familiar”.
*Texto publicado originalmente na edição de janeiro de 2020, n.º 134, da VETERINÁRIA ATUAL.