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Animais de Companhia

A alteração da perceção de valor “sustentará o mercado veterinário” 

A alteração da perceção de valor “sustentará o mercado veterinário” 

Um recente estudo de mercado sobre a ‘Relação Tutor-Veterinário’ caracterizou o perfil dos tutores portugueses de animais de companhia. A VETERINÁRIA ATUAL conversou com os autores do estudo, Dilen Ratanji da VetBizz Consulting e Mariana Jerónimo da 2Logical, sobre algumas das tendências realçadas no mesmo.

Os serviços mais valorizados são a vacinação, os serviços de urgência 24h e as consultas presenciais. De que maneira é que este panorama se reflete nas diversas regiões do País?

 

MJ – As opiniões são bastante uniformes: estes três serviços são os mais valorizados, independentemente da Região, Género, Idade, Classe Social ou Tipo de Animal (Cão e Gato). No entanto, de forma geral, os serviços são mais valorizados pelos tutores do sexo feminino e de classes sociais mais altas.

Um terço dos tutores leva os seus animais ao veterinário duas vezes por ano. Qual foi o principal motivo para a ida ao veterinário?  

 

Mariana Jerónimo [MJ] – Não aprofundámos a esse nível de detalhe neste estudo. No entanto, no geral, a perceção do tutor em relação à frequência de ida ao veterinário será superior à realidade. Sem dúvida, uma questão a explorar numa próxima oportunidade.

De que forma se reflete a maior ligação do tutor com o animal de companhia e a crescente humanização no setor veterinário? 

 

Dilen Ratanji [DR] – Desde logo, com o aumento de faturação nos centros de atendimento médico-veterinários. Nos últimos anos os tutores estão propensos a gastar mais pela saúde e bem-estar dos seus animais, seja nos atos clínicos como em outros serviços complementares como o grooming, hotel ou petsitting.

O número médio de visitas aos centros veterinários tem vindo a aumentar, assim como a transação média por visita. Os centros veterinários têm vindo a profissionalizar-se nos anos mais recentes e os gestores demonstram uma preocupação genuína em matérias como o marketing, gestão de operações, recursos humanos, finanças ou fiscalidade.

 

De realçar que se assiste a um menor ritmo de crescimento do negócio veterinário desde 2022, dado o contexto macroeconómico, no entanto, o setor continua a dar provas de resiliência e robustez.

O mercado pet tem crescido a ‘olhos vistos’, particularmente na última década, muito impulsionado também pelos períodos de confinamento que se refletiram no aumento do número de adoções. Quais são as perspetivas para os próximos anos? Prevê-se a consolidação desta tendência? O que podemos retirar, como exemplo, dos mercados estrangeiros a este nível?   

DR – Há comportamentos que tiveram origem na pandemia e que ficarão enraizados para os próximos anos. O confinamento teve o condão de aprofundar o elo entre tutores e os seus animais de companhia e há hoje uma maior consciência para a saúde e bem-estar animal. As propostas de valor dos vários players da indústria veterinária também têm vindo a melhorar, proporcionando um leque de escolhas mais alargado aos tutores.

Com centros veterinários cada vez mais profissionalizados, sofisticados e preparados para uma medicina veterinária abrangente e de qualidade, verifica-se uma melhoria na perceção de valor dos tutores. Em suma, esta alteração de natureza psicográfica veio para se manter nos próximos anos e sustentará o mercado veterinário. Esta é uma tendência global e não apenas vinculada a Portugal. Os mercados estrangeiros estão a comportar-se da mesma forma.

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