A classificação habitual divide os cães entre “de raça” e “rafeiros”. No entanto, existe um termo intermédio: raças cruzadas ou crossbreed, que resultam no cruzamento entre animais de raças oficiais.
De acordo com o artigo da National Geographic, este tipo de animas têm vindo a gerar cada vez mais interesse, especialmente como animais de trabalho, assistência e terapia.
O texto esclarece que não se trata de uma raça oficial, pois, para tal, a reprodução teria de acontecer entre animais da mesma raça, no entanto, se a raça cruzada ganhar popularidade suficiente e começarem a cruzar-se entre si, podem vir a ser reconhecidas oficialmente, pois existem atualmente raças reconhecidas que foram consideradas mistas inicialmente.
É o caso, por exemplo, do Pointer Inglês ou do Golden Retriever, que nasceram como cruzamentos de raças caçadoras.
Neste sentido, explica o artigo da National Geographic, os cães de raça cruzada são diferentes dos rafeiros em dois aspetos: primeiro, os rafeiros normais costumam ter ascendências muito variadas, enquanto as raças cruzadas se limitam a juntar duas ou, no máximo, três raças oficiais diferentes.
O segundo ponto prende-se com o facto de, no caso dos crossbreed, as raças progenitoras são selecionadas intencionalmente para obter animais com determinadas características: por essa razão, são também conhecidos como “cães de design”.
Desta forma, o texto também explica que, inicialmente, os cães de raça cruzada foram criados por razões práticas, por exemplo, para serem cães de trabalho ou de guarda com determinadas características que facilitavam ou apoiavam uma atividade ou necessidade.
A maioria das raças cruzadas populares receberam o nome em função da união dos nomes das duas raças progenitoras: por exemplo, o Labradoodle (Labrador e Poodle), Pyrador (Grande Pirenéu e Labrador), Cockapoo (Cocker e Poodle) ou Goldador (Golden Retriever e Labrador).
Um dos motivos que leva a que os cães de raça cruzada não sejam reconhecidos como raças oficiais é que o seu aspeto físico pode variar, principalmente no caso do cruzamento de raças fisicamente muito distintas.
Outra característica difícil de prever é a personalidade. De acordo com o artigo, a raça só define cerca de 10% da personalidade de um cão, que é maioritariamente determinada pelos seus progenitores específicos e pela socialização. No entanto, existem raças com características comportamentais muito vincadas e isso tende a ser transmitido à descendência.
A procura por crossbreed tem vindo a aumentar, refere o texto da National Geographic, nomeadamente pela personalidade imprevisível dos animais, pois costumam apresentar uma personalidade única e diferenciada.
No entanto, os investigadores veterinários têm vindo a alertar para o facto de os cães de raça cruzada poderem sofrer dos mesmos problemas que os cães de raça, nomeadamente no que toca à criação ilegal e a problemas de saúde.
Do ponto de vista médico e ético, a National Geographic indica existir o risco real de estes cães tornarem-se uma moda, como já aconteceu com algumas raças, levando a que possam surgir animais com uma personalidade imprevisível e difícil de gerir, aumentando o risco de abandono.
Para prevenir estes e outros problemas, as legislações de muitos países têm vindo a tornar-se mais estritas em relação à criação de cães, exigindo que os animais reprodutores passem por controlos de saúde, tenham um número limitado de ninhadas por ano e que os cachorros sejam socializados corretamente, para promover o desenvolvimento de uma personalidade equilibrada.