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Animais de Companhia

APMVEAC quer sensibilizar população para problemas das raças braquicéfalas

Brachycephalic Working Group volta a pedir precaução na utilização de braquicéfalos em publicidade

Foi no passado mês de setembro que decorreu, em Copenhaga, o Congresso FECAVA/WSAVA/DSAV, do qual saíram algumas recomendações relativas a cães de conformação braquicéfala emitidas por um painel de peritos. A Associação Portuguesa de Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia (APMVEAC) emitiu entretanto um comunicado em que refere que “reitera as recomendações do painel de peritos a serem adotadas pelos médicos veterinários clínicos”.

A associação defende que “à semelhança do que acontece a nível mundial, em Portugal, a popularidade das raças braquicéfalas (tanto de cães, como de gatos) tem gerado nos médicos veterinários clínicos de animais de companhia uma crescente preocupação com o seu bem-estar. A realidade que verificamos cada vez mais frequentemente é que, por motivos estéticos e comerciais, são selecionadas características extremas que conduzem invariavelmente a um agravamento funcional de vários órgãos e sistemas. Consequentemente é cada vez mais frequente o recurso a intervenções cirúrgicas corretivas, entre as quais palatoplastias, nasoplastias e cesarianas, que deveriam ser realizadas não por rotina, mas apenas em recurso excecional.”

Nesse sentido, a associação explica que as recomendações emitidas durante o Congresso FECAVA/WSAVA/DSAV devem ser adotadas e compromete-se “a conduzir uma estratégia de comunicação e sensibilização para os problemas de saúde e bem-estar destas raças, destinada ao público em geral, organizações cinológicas e outras instituições pertinentes, na salvaguarda da saúde e bem-estar dos animais de companhia, em particular o cão e gato braquicéfalos.”

Conheça as recomendações emitidas pelos peritos da Federation of European Companion Animal Veterinary Associations (FECAVA), da World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) e da Danish Small Animal Veterinary Association (DSAVA).

Recomendações dos peritos: o papel do médico veterinário

Após o painel de discussão relativo à saúde e bem-estar dos cães braquicéfalos, a 26 de setembro, o painel de peritos emitiu um número de recomendações para veterinários:

Os médicos veterinários devem elevar a voz e demonstrar liderança na tomada de ação contra a reprodução de cães com características excessivas que possam conduzir a problemas de saúde e bem-estar, como seja a síndrome obstrutiva das vias aéreas superiores do braquicéfalo (BOAS – brachycephalic obstructive airway syndrome).

A nível PRÁTICO, os veterinários devem:

  1. Aconselhar o público contra a compra de animais com conformações extremas. Tal aplica-se tanto a raças, como a cães individuais.
  2. Alertar os tutores de cães e aconselhá-los relativamente aos problemas de saúde e bem-estar de cães com conformações extremas.
  3. Alertar os criadores, clubes de raças e juízes de exposição e aconselhá-los relativamente aos problemas de saúde e bem-estar dos cães com conformações extremas. Adotar um papel ativo nos exames pré-reprodução e fornecer aconselhamento relativamente ao stock reprodutivo potencial.
  4. Informar os tutores de cães e criadores relativamente às restrições de reprodução, caso um cão seja submetido a tratamento cirúrgico para BOAS ou outros problemas relacionados com características extremas associadas à reprodução. (Em países onde não exista este tipo de limitação, o veterinário deve opor-se veemente à reprodução). Recomendar a esterilização no momento da cirurgia corretiva, caso as boas práticas o permitam.
  5. Partilhar informação relativa aos problemas de saúde e bem-estar associados à reprodução extrema. Caso exista um sistema nacional de submissão de informação, reportar a realização de cirurgias que alterem a conformação e cesarianas relacionadas com características reprodutivas extremas.

Ao nível de ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL, os veterinários devem:

  1. Implementar campanhas de comunicação de modo a alertar, proactivamente, o público em geral e avisá-lo acerca dos problemas de saúde e bem-estar de cães com conformações extremas.
  2. Trabalhar juntamente com organizações cinológicas nacionais e outras partes envolvidas para a criação de um registo de cirurgias alteradoras da conformação e cesarianas, bem como a criação de programas de despiste relevantes (ou seja, exame pré-reprodução).
  3. Chamada à revisão dos estalões das raças, de modo a prevenir a BOAS e outros problemas relacionados nos braquicéfalos. Os estalões das raças devem incluir limites baseados na evidência sobre características físicas (ex. comprimento do chanfro), devendo ser consideradas abordagens, tais como os cruzamentos com outras raças.
  4. Lançamento e distribuição de certificados veterinários de sanidade para cachorros e/ou checklists para compradores potenciais, de modo a sustentar uma criação responsável e saudável.
  5. Desenvolvimento de protocolos internacionais padronizados, baseados na evidência, para o exame de animais reprodutores em relação às funções respiratórias e termorregulação.
  6. Instituir sistemas que permitam a colheita de dados em clínicas veterinárias, relativos aos problemas de saúde e bem-estar de cães com conformações extremas.
  7. Estabelecimento de programas de treino sub-graduado/ CPD que permitam equipar os veterinários para a adoção de um papel mais ativo em proporcionar aconselhamento aos criadores, clubes de raças e juízes, relacionado com conformações extremas e procedimentos de despiste.
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