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Médicos Veterinários

Recrutar em medicina veterinária continua a ser um desafio exigente

O tema tem vindo a ser debatido recorrentemente. O recrutamento em medicina veterinária apresenta diversos desafios e a VETERINÁRIA ATUAL auscultou alguns profissionais do setor sobre o assunto. Joana Alegrete, diretora clínica do Hospital Veterinário de Aveiro, ressalva a criação de melhores condições de trabalho para a promoção da retenção de talentos e atração de jovens para trabalhar em Portugal, “tentando evitar ao máximo a sua saída que, neste momento, é o fator de desequilíbrio na oferta principalmente de enfermeiros veterinários”, refere.

Joana Alegrete, diretora clínica do Hospital Veterinário de Aveiro

A saúde mental é também – e cada vez mais – uma preocupação nas estruturas, tentando proteger os colaboradores da exposição excessiva a situações de stresse. “Existem já campanhas na Europa para terminar o abuso aos profissionais da área veterinária segundo o lema ‘Respect Your Vet Team’. O nível de intimidação por clientes em clínicas e online atingiu níveis que nos obrigam a pensar que medidas devemos tomar para proteger os nossos profissionais e as nossas equipas”, explica a médica veterinária. E acrescenta: “Só assim será possível combater o abandono da profissão e continuar a ter opções no recrutamento”.

 

José Miguel Campos, diretor clínico do Centro Cirúrgico Veterinário Assefarge entra em várias clínicas regularmente e denota um denominador comum em todas elas e que consiste em pedirem-lhe contactos de alunos ou colegas que queiram trabalhar. “Parece não haver. Mas existem. A questão é que se, por um lado, cada vez mais as propostas de trabalho são monetariamente baixas, por outro, há cada vez menos espírito de sacrifício nos recém-licenciados em ficar longe de casa ou trabalhar o dia inteiro, por exemplo.”

José Miguel Campos, diretor clínico do Centro Cirúrgico Veterinário Assefarge

O facto de as oportunidades no estrangeiro serem aliciantes com uma possibilidade maior de progressão na carreira leva a que os colegas queiram emigrar. “É uma consequência inevitável”, defende. Por outro lado, avalia as dificuldades de recrutamento como uma hipótese de repensar a estratégia do próprio CAMV, nomeadamente, no que respeita às condições e valores dos vencimentos que se oferecem aos profissionais. “Há que pagar ordenados base mais altos e optar por uma política de incentivos monetários de acordo com as capacidades dos CAMV.” No caso do centro cirúrgico que dirige ainda não sentiu dificuldade no recrutamento porque a equipa tem vindo a crescer com naturalidade sem que nenhum elemento tenha saído.

 

Sérgio Alves, diretor clínico do Hospital Veterinário de Gaia sublinha que “o número de veterinários disponíveis para integrar as equipas é reduzido face às necessidades do mercado”. Uma estrutura deve atrair, não só os melhores profissionais como as melhores pessoas, acrescenta.

Sérgio Alves, diretor clínico do Hospital Veterinário de Gaia

O Brasil vive uma situação muito particular. “Hoje somos o país no mundo com o maior número de veterinários (200 mil) e universidades de medicina veterinária (554 faculdades)”, explica João Buck. No entanto, “a baixíssima qualidade do ensino vem trazendo uma avalanche de profissionais ruins e despreparados, causando assim um fenómeno de abundância de incompetentes”, critica. Seguem-se então como consequências as baixas remunerações, o subemprego e a necessidade de capacitação ou customização desta mão de obra para cumprir determinadas funções. “Leva ainda a gastos e perda de tempo”, remata.

João Buck, presidente da Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários

 

 

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