Ricardo Almeida, médico veterinário e fundador da empresa de formação e consultoria em gestão veterinária StratVet, esteve em destaque na 2ª edição das Conferências Veterinária Atual, chamando a atenção para a falta de atualização dos preços nos CAMV e para a importância da retenção de talento em veterinária.
“Enquanto consultor a nível nacional sei que há uma dificuldade tremenda em encontrar médicos veterinários sobretudo em algumas zonas do País. Somos um País incrível, mas não estamos a reter as pessoas. E esta realidade não é apenas nacional”, começou por referir Ricardo Almeida.
O orador explicou que não é possível continuar a pedir aos colaboradores para continuarem a trabalhar por gosto mesmo dando as melhores condições de trabalho, quando as necessidades básicas não estão satisfeitas. “Poderemos captar as pessoas na fase inicial da carreira, mas não as conseguiremos reter sem dar perspetivas de futuro.”
Segundo o Banco de Portugal, a nossa faturação aumentou 69%, mas o custo com os colaboradores aumentou 93%. “Em 2015, 53% do volume de trabalho provinha de serviços e em 2016 essa percentagem situou-se nos 46%. Começámos a aumentar a faturação, mas estamos a diminuir o que faturamos em serviços. Uma consulta que custava 30 euros em 2010 devia agora custar 44,40 euros. Uma cirurgia que custava 300 euros em 2010 deveria custar agora 444 euros.” Os dados permitem ao consultor chamar a atenção para a falta de atualização dos preços e a falta de valorização do conhecimento acumulado.
Mas, e então, como se retém talento? Após a apresentação de alguns dados estatísticos, defendeu que o talento pode ser retido através das seguintes premissas: “Reajustar os planos estratégicos, valorizar a profissão, dar perspetivas de carreira e, depois de tudo isto resolvido, tratar os colaboradores como clientes internos”.