As oito doenças consideradas de maior risco para a saúde pública, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são zoonoses, entre as quais se encontra a covid-19.
A pandemia de covid-19 veio alertar para a importância da prevenção, bem como a necessidade da inclusão dos médicos veterinários na saúde pública e a unificação da saúde humana, animal e ambiental em todo o mundo.
A Organização Colegial Veterinária (OCV), em Espanha, criou uma infografia que visa estas oito doenças de maior risco para a saúde pública.
“Os veterinários trabalham no controlo e gestão de doenças que partilhamos com os seres humanos e animais na origem, para evitar que sejam transmitidas aos seres humanos”, refere a OCV, citada pela Animal’s Health, salientando que todas as doenças da lista são zoonoses.
Atualmente, a doença prioritária para a OMS é a covid-19, que a OCV explica ser “uma doença infeciosa provocada por um coronavírus que está a causar uma pandemia global”. “A sua origem pode estar num tipo de morcego e outro animal pode ter sido um ‘intermediário’ no seu salto para os humanos”, diz.
A segunda doença da lista é a febre hemorrágica da Crimeia-Congo.
“Em 2010, foi detetada em Espanha. É transmitida aos seres humanos principalmente através de carraças e gado. A taxa de letalidade dos surtos pode atingir os 40%”, explica a OCV.
Segue-se o Ébola, um vírus transmitido ao homem por animais selvagens com uma taxa de letalidade de quase 50% e que a OCV recorda que, no último surto registado, a epidemia de Ébola em 2014-2016, matou mais de 11 mil pessoas.
A febre Lassa é outra das doenças incluídas na listagem. Apesar de menos conhecida, a doença tem uma taxa global de mortalidade de 1%, mas pode atingir 15% em doentes hospitalizados. A doença é transmitida aos humanos através do contacto com alimentos ou utensílios domésticos contaminados com urina ou fezes de roedores.
A MERS (síndrome respiratória do Médio Oriente),uma doença respiratória viral causada por outro coronavírus, também figura na listagem. Detetada pela primeira vez na Arábia Saudita, em 2012, a MERS tem uma taxa de mortalidade de 35% e os dromedários são um importante reservatório de MERS-CoV e uma fonte de infeção animal nos seres humanos.
Existe ainda a febre do Vale do Rift, outra zoonose viral que afeta principalmente os animais, embora também possa afetar os seres humanos. A maioria das infeções em humanos surge pelo contacto com sangue ou órgãos de animais infetados.
O vírus Zika é um arbovírus e também consta da lista. Trata-se de um agente patogénico que é transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes, presentes nas regiões tropicais. Não existe uma vacina nem formas prevenção da infeção. A doença provocada pelo vírus Zika apresenta um risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya, para o desenvolvimento de complicações neurológicas.
O vírus Nipah é o segundo da lista transmitido por morcegos, neste caso pelo morcego da fruta. Foi detetado pela primeira vez em Nipah, na Malásia, em 1998. Nos humanos, a infeção por NiV pode variar desde um processo assintomático até uma síndrome respiratória aguda ou encefalite fatal.
Em junho deste ano, a rede mundial de conservação da natureza World Wide Fund for Nature (WWF) alertava, num relatório, para a possibilidade de virem a surgir novas pandemias, como a de covid-19, a menos que sejam adotadas medidas urgentes.
No relatório, intitulado Covid-19: Apelo urgente para proteger pessoas e animais, a WWF mencionava que todos os anos surgem três a quatro novas zoonoses, algumas muito graves – como o caso da sida, da SARS ou covid-19 –, alertando para a necessidade de melhores normas de segurança alimentar, uma vez que situações como o comércio e o consumo de animais selvagens potenciam o aparecimento de zoonoses. Além destes fatores, também a desflorestação e a expansão da agricultura podem contribuir para o problema.
Do coronavírus ao Nipah, as zoonoses têm surgido com maior frequência, alertando para a necessidade de repensar a saúde pública como um todo.