A rede mundial de conservação da natureza World Wide Fund for Nature (WWF) alertou, num relatório divulgado hoje, dia 17 de junho, para a possibilidade de virem a surgir novas pandemias, como a de covid-19, a menos que sejam adotadas medidas urgentes.
No relatório, intitulado “Covid-19: Apelo urgente para proteger pessoas e animais”, a WWF identificou os fatores ambientais que estimulam o aparecimento de zoonoses, alertando que apenas com grandes alterações será possível preservar a saúde das pessoas.
A WWF refere, no documento, que todos os anos surgem três a quatro novas zoonoses, algumas muito graves – como o caso da sida, da SARS ou covid-19 –, alertando para a necessidade de melhores normas de segurança alimentar, uma vez que situações como o comércio e o consumo de animais selvagens potenciam o aparecimento de zoonoses. Além destes fatores, também a desflorestação e a expansão da agricultura podem contribuir para o problema.
Citada pela Agência Lusa, no site Notícias ao Minuto, a WWF refere que “o risco de surgir uma nova doença zoonótica no futuro é mais alto do que nunca, com o potencial de causar caos na saúde, nas economias e na segurança global”.
O comércio e consumo de animais selvagens, a desflorestação, a expansão da agricultura extensiva e a “intensificação insustentável da produção animal” são fatores que propiciam o aparecimento de zoonoses, segundo o documento.
Num comunicado divulgado pela Associação Natureza Portugal (ANP), que trabalha com a WWF, é relembrado que a covid-19 apareceu mesmo depois dos avisos de cientistas e líderes de opinião.
O comunicado cita também Catarina Grilo, diretora de Conservação e Políticas da associação, que reiterou a urgência de “restringir o comércio e o consumo de vida selvagem de alto risco, pôr fim à desflorestação e conversão de terra, assim como gerir a produção alimentar de forma sustentável”.
Medidas estas que, no entender da diretora, podem ser a chave para a prevenção da transmissão de agentes patogénicos para humanos.
Para a WWF, é necessária uma resposta coletiva que permita recuperar a natureza, acabar com o comércio ilegal de animais selvagens, bem como com a desflorestação e a reconversão de terras.
O documento aponta ainda que o atual sistema alimentar é insustentável, convertendo várias áreas naturais para agricultura intensiva, “fragmentando ecossistemas naturais e aumentando as interações entre a vida selvagem, animais domésticos e humanos”.
De acordo com a WWF, desde 1990 terão desaparecido 178 milhões de hectares de floresta, o que pode ser equiparado ao tamanho da Líbia, e todos os anos desaparecem cerca de 10 milhões de hectares de floresta para dar lugar a terras para agricultura e outros usos.
A ANP/WWF considera que a cimeira da ONU, prevista para setembro, sobre diversidade biológica, será importante para “os líderes mundiais acelerarem a ação em relação à natureza”.