Quais são os principais fatores de stress nos gatos e de que forma podem ser atenuados? Este foi o ponto de partida do episódio de julho do Podcast da Veterinária Atual, que contou com o esclarecimento de Gonçalo da Graça Pereira, médico veterinário e especialista europeu em medicina de comportamento. Vamos conhecer as estratégias que podem ser adotadas nas clínicas e hospitais veterinários para melhorar esta condição, que pode ter consequências no estado de saúde do animal.
Ao identificar as principais causas de stress nos gatos, Gonçalo da Graça Pereira, começa por se focar num dos problemas que considera mais importante na maioria dos lares, os recursos partilhados com vários gatos, destacando também algumas características desta espécie. “O gato não é propriamente um animal independente, como muita gente acredita, é um animal social que estabelece as suas relações com humanos e com outros gatos. Podemos, no entanto, assumir que cada gato vive como se fosse uma unidade social independente, diferente de outras espécies que dependem de estratégias de grupo para sobreviver. A suas interações são frequentes ao longo do dia, mas com muito pouca intensidade”, esclarece o médico veterinário, fazendo o contraponto com a realidade humana que, por norma, tem tendência para se manifestar com mais veemência, podendo criar momentos de tensão no animal.
Outros hábitos comuns nos lares portugueses, identificados pelo especialista europeu em medicina de comportamento, passa pelas obras e mudanças em casa, que podem gerar pânico na espécie felina. Por vezes, “basta uma simples alteração do posicionamento do sofá”, considera.
No circuito das clínicas e hospitais veterinários existem estratégias que podem ajudar a reduzir os fatores de stress, particularmente nas salas de espera. E já são muitos os Centros de Atendimento Médico-Veterinários que as implementam. “Atualmente, a maioria das clínicas trabalha frequentemente com marcações, o que, na perspetiva felina, é muito bom. Quanto menos tempo o gato estiver na sala de espera melhor para ele, porque neste local irá acumular fatores de stress.”
Neste ambiente, há comportamentos que podem ser aprovisionados, como, por exemplo, “a utilização de feromonas durante a viagem até à clínica e mesmo para o processo de manipulação do gato na clínica, funcionando como pré-medicação”, revela Gonçalo da Graça Pereira.
Outro dos pontos em análise relaciona-se com o manuseamento da transportadora, que não deve ser pousada no chão. “Os gatos, quando se sentem ameaçados, procuram locais mais altos. Portanto, no mínimo, a transportadora do gato deverá ser colocada ao lado dos tutores”, denota.
No podcast foram ainda mencionadas algumas ações que se dedicam a promover as melhores práticas de administração de medicamentos para evitar o stress nos gatos, como é o caso do grupo de trabalho Cat’Xpert, da Boehringer Ingelheim. De acordo com Octávio Pereira, responsável técnico da empresa farmacêutica, este procura encontrar “soluções para tornar os medicamentos mais fáceis de administrar” a estes animais.
Ouça o Podcast da Veterinária Atual aqui.