O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), no âmbito da comemoração do Dia Nacional da Conservação da Natureza, que se celebra no final de julho, fez um balanço das principais ações desenvolvidas para impulsionar a melhoria e recuperação de habitats e de espécies.
Neste sentido, o comunicado de imprensa do ICNF destaca o programa LIFE Lynxconnect que, através dos esforços das autoridades portuguesas e espanholas, possibilitou recentemente que o lince-ibérico (Lynx pardinus) tenha passado do estatuto “Em Perigo” para “Vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
De acordo com o último Censo do lince-ibérico, a espécie superou a barreira dos 2.000 exemplares em 2023, 1.730 em Espanha e 291 em Portugal, “estando a ser encetadas uma série de ações, em parceria com os municípios do Sabugal e de Penamacor, para preparar um possível regresso do lince à Serra da Malcata”, explica o Instituto.
Já no Estuário do Sado, o ICNF explica que há 40 anos que se realiza uma monitorização e proteção da população de golfinhos roazes-corvineiros (Tursiops truncatus), atualmente com 27 indivíduos, “sendo esta uma de três populações residentes de que se tem conhecimento em toda a Europa”.
Desta forma, explica o Instituto, através da iniciativa “Proteger os Golfinhos”, promove também ações de sensibilização para a população local, turistas e visitantes, alertando para “a singularidade da população que ali habita e para os cuidados a ter na navegação aquando do avistamento e aproximação a estes animais”.
Em janeiro deste ano, foi ainda criado o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado (PNMRA-PV), que se estende ao longo da costa de Albufeira, Lagoa e Silves, a primeira área marinha protegida a ser criada na costa de Portugal Continental no século XXI, explica o comunicado do ICNF.
O ICNF também referiu que já concluiu a consulta pública dos Planos de Gestão para mais de 90% das Zonas Especiais de Conservação (ZEC) em Portugal Continental, definindo objetivos e medidas de conservação, período de vigência e respetivo programa de acompanhamento para estes territórios, com o intuito de assegurar “uma gestão eficaz, transparente e integrada” nas ZEC.
Relativamente ao projeto “Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha”, o Instituto indica que continua a promover a nidificação do abutre-preto, uma ave necrófaga com o estatuto “Criticamente em Perigo” em Portugal, sendo, igualmente, considerada de interesse comunitário e prioritária no contexto da Diretiva Aves.
Neste sentido, o ICNF recorda que, recentemente, foi descoberta mais uma colónia desta espécie na Vidigueira, passando para cinco o número de colónias conhecidas de abutre-preto no país.
No que toca à proteção da águia-caçadeira, ou tartaranhão-caçador (Circus pygargus), o Instituto revela que tem prosseguido, “com os agricultores cada vez mais sensibilizados para a importância da proteção dos ninhos desta espécie que encontra nas searas as condições ideais para nidificar”. Em 2023, foram libertados no Alentejo, em parceria com a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), 17 exemplares desta espécie nascidos em cativeiro.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas dá ainda destaque aos esforços de conservação da águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) em Portugal e em Espanha, “espécie que esteve extinta no nosso país entre 1980 e 2003”. “Em 2023, foram observados em Portugal 21 casais reprodutores e 20 crias voadoras, registando-se um aumento de cerca de 60% da população da espécie nos últimos anos”, lê-se na comunicação.
Além disso, a entidade sublinha também que registou, “com satisfação”, a adoção do Regulamento do Restauro da Natureza a nível europeu, que permitirá restaurar, pelo menos, 20% das zonas terrestres e marítimas da União Europeia (UE) até 2030, e de todos os ecossistemas que necessitam de restauro até 2050.
“Celebrar a conservação da natureza é um direito e um dever de todos nós. A perda da biodiversidade, a gestão dos recursos, a exploração justa e sustentável e o restauro são desafios globais e exigem o envolvimento de toda a sociedade”, considerou Nuno Banza, presidente do Conselho Diretivo do ICNF.