O aumento das populações de javalis em várias regiões do país tem sido alvo de preocupação não só por parte das entidades responsáveis pela saúde pública, mas também dos caçadores portugueses, que temem as doenças transmitidas por estes animais. Também por isso, o Movimento Caçadores Mais Caça exigiu esta semana um reforço das inspeções veterinárias.
Em declarações à agência Lusa, José Baptista, do Movimento Caçadores Mais Caça, revelou que “estamos preocupados com a falta de veterinários porque há milhares de javalis que não são inspecionados por médicos veterinários para dizerem se [os animais] estão ou não infetados com várias doenças, incluindo a tuberculose e a triquinoses”.
Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) confirma, referindo que “não há veterinários suficientes” para “fazer as inspeções quer nos javalis, quer em todas as áreas da inspeção alimentar” e que, apesar de serem feitas algumas inspeções em montarias organizadas e declaradas, “não é feita nenhuma inspeção a todos os outros javalis que são abatidos durante todo o ano nas chamadas noturnas, um problema mais complicado que necessitaria da parte do Governo, nomeadamente do Ministério da Agricultura, um investimento grande para criar nas freguesias, nas zonas onde essa prática é mais recorrente, centros de inspeção com médicos veterinários validados para o fazerem.”
A Lusa questionou a DGAV sobre este assunto, que respondeu referindo que “a lei determina que a inspeção sanitária de peças de caça maior seja efetuada em estabelecimentos devidamente aprovados para o efeito” e que “é expressamente proibida a colocação no mercado” de peças de caça selvagem maior que não tenham sido inspecionadas por um estabelecimento aprovado para o efeito.
A este respeito, José Batista, do Movimento Caçadores Mais Caça, sublinha que “a DGAV sabe que os javalis que tenham triquinoses têm que ser destruídos e não podem ser consumidos a qualquer título, seja por caçadores e seus familiares ou pela população em geral” e que ainda assim existem “milhares e milhares de javalis que não são inspecionados e são consumidos.”