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Tecnologia: do e-mail ao Twitter

Tecnologia: do e-mail ao Twitter

A Internet veio para ficar. Oferecendo um sem número de mais-valias, em termos de comunicação, as inovações não têm parado de surpreender os utilizadores. Os médicos veterinários têm vindo a aderir à Web e as várias instituições da classe, conscientes deste facto, não têm parado de apostar nas potencialidades da Internet.

Copérnico e Galileu afirmaram, contra tudo e conta todos, que a Terra girava em torno do Sol. Darwin, desafiando o estabelecido, elaborou a teoria da evolução das espécies por selecção natural. As mulheres lutaram pelo direito ao voto e hoje são parte integrante da política de qualquer país… a História da humanidade tem evoluído graças a Homens e Mulheres que, sem medo de defender as suas convicções e crenças até às últimas instâncias, abalaram os pilares das sociedades do seu tempo.

Mas depois da «tempestade vem a bonança». E após o período de controvérsia e discórdia, as crenças e teorias que estas pessoas defendiam acabaram por ser aceites e assimiladas pela Humanidade e passaram a ser parte integrante do seu dia-a-dia.

 

Aquilo que tem evoluído com a Humanidade e, de algum modo, suportado o seu desenvolvimento é a tecnologia. Mas também esta tem sido alvo de controvérsia, de cepticismo, de revolta e de medo. Porém, também a tecnologia tem conquistado o seu lugar ao sol.

Caso paradigmático é o da Imprensa. Os jornais sentiram-se ameaçados com o aparecimento da Rádio. Aquando o surgimento da Televisão julgou-se que seria o fim dos outros dois meios de comunicação social e mais recentemente, a Internet voltou a “acordar” esse receio. Não obstante, nada disso aconteceu e os vários media convivem actualmente numa simbiose quase perfeita.

 

As potencialidades da Internet

Mas não é só a Imprensa que encontrou o seu lugar na Web, a pouco e pouco este “espaço” tem sido tomado por muitos, incluindo os médicos veterinários.

 

A Direcção-Geral de Veterinária (DGV) tem uma página e uma newsletter onde, segundo a directora de Serviços do Planeamento, é «colocada à disposição do utente informação importante e útil, como por exemplo formulários, legislação, actividades desenvolvidas e a desenvolver, permitindo assim a sua divulgação de forma mais acessível a todos os médicos veterinários e outros utilizadores». Ainda de acordo com Maria José Marques Pinto, o site é utilizado, «aproximadamente, há um ano, quando se iniciou a sua reestruturação» e a newsletter «há 6 meses».

Neste momento o Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários (SNMV) «recorre principalmente à página da Internet e aos e-mails (newsletter) para comunicar com os seus associados», refere João Pedro Duarte da Silva. No entanto, também ao nível do «SIRA – Sistema de Identificação e Registo de Animais – encontram-se em projecção novas plataformas de comunicação, de forma a agilizar e facilitar a transmissão de informação entre o médico veterinário e o SIRA, melhorando substancialmente os serviços prestados». Quanto ao tempo de utilização, o membro da direcção do SNMV salienta que os e-mails já são utilizados «há alguns anos e o site foi criado há, aproximadamente, um ano».

 

Carlos Godinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias (SPCV) destaca que a instituição «já há vários anos utiliza algumas tecnologias de informação para comunicar, quer com os seus associados, quer com a comunidade científica, quer com o público em geral». Através destas ferramentas «consegue comunicar de forma actualizada com todos aqueles a quem pretende chegar, seja através do seu site da Internet ou de correio electrónico», acrescenta. Há mais de sete anos que a SPCV recorre a estas tecnologias.

Contudo, há uma entidade que, no que toca à exploração das várias potencialidades da Internet, já chegou um pouco mais longe: a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV). Para além da página na Internet e da newsletter, a OMV já se aventurou pelo Youtube e pelo Twitter.

O site permite «a divulgação da Ordem, enquanto instituição reguladora da profissão, para o público em geral, contendo também uma área de acesso reservado aos profissionais, que está disponível para todos os membros da Ordem (mediante registo online)», explica uma fonte da OMV, acrescentando que a página «é actualizada diariamente com destaques e notícias relacionadas com a profissão e disponibiliza informação sobre a legislação em vigor nas diversas áreas de actuação do médico veterinário, inscrição de novos membros, formação médico-veterinária (graduada e pós graduada), agenda de actividades e eventos, bem como várias informações de carácter institucional». A área reservada aos profissionais «engloba uma Secretaria Virtual e dispõe de um sistema de alerta por e-mail, que é accionado sempre que uma nova notícia ou documento é adicionado a esta secção».
A primeira página na Web surgiu em 2001 e «era bastante menos interactiva do que o site presente, que está online desde Outubro de 2006». Todavia, actualmente, «estamos novamente a proceder à renovação e actualização deste espaço, de forma a torná-lo mais dinâmico, funcional, intuitivo e interactivo». Esta remodelação deverá estar «concluída em Junho/Julho de 2009», salienta a mesma fonte.

A newsletter mensal é, «actualmente, enviada em formato electrónico a todos os membros que dispõe de endereço de e-mail e está igualmente disponível na área reservada do site. Está previsto para breve o alargamento deste envio às entidades do sector e restantes stakeholders». A newsletter é enviada «em formato electrónico desde Maio de 2005», foi posteriormente «alterada para formato HTML em Outubro de 2006», sublinha a fonte.

A OMV tem um canal no Youtube, desde Março de 2008, que «contém uma série de vídeos de carácter educativo, produzidos pela Ordem, e que visam promover a profissão veterinária, esclarecendo qual o papel dos profissionais na defesa do interesse público». Um ano depois, ou seja, em Março de 2009, era vez de ser criado um perfil no Twitter que, enquanto ferramenta de comunicação, «permite uma actualização de informação constante, e uma divulgação das nossas actividades a diversas entidades e meios de comunicação, que seguem o perfil da Ordem». Por outro lado, salienta a fonte, «permite ainda que a OMV seja informada das actividades e destaques publicados pelas entidades cujo perfil segue».

É ainda de realçar a participação da OMV, desde Fevereiro de 2009, no ensaio piloto do projecto IMI –  Internal Market Information System. «Este sistema online irá permitir a ligação e troca de informação entre as Administrações Públicas, bem como entre as entidades reguladoras de todos os países membros da União Europeia». No fundo, trata-se de «um projecto inovador, que facilita as comunicações a nível global, e permite uma actuação muito mais eficiente, rápida e desburocratizada das diversas instituições. Inicialmente criado para funcionar como suporte à Directiva 2006/123/CE (Serviços de Mercado Interno), este sistema irá também apoiar a execução da Directiva 2005/36/CE (Reconhecimento de Qualificações Profissionais)», acrescenta a fonte da OMV.

Comunicação rápida

Parece não haver dúvidas de que a Internet – e todas as suas potencialidades – vieram apelar a uma maior comunicação entre os vários intervenientes do processo, ou seja, médicos veterinários e instituições, assim como a torná-la mais rápida.

As palavras de Carlos Godinho reflectem, exactamente, o contexto envolvente: «num mundo sem fronteiras em que a informação, mais do que informar, actualiza conhecimentos, estimula a investigação ou desafia o ensino, os médicos veterinários não são profissionais diferentes dos outros e utilizam as funcionalidades que a comunicação actual permite, em seu benefício».

João Pedro Duarte da Silva do SNVM defende que estas novas ferramentas vieram «tornar mais rápida a distribuição de informação e facilita bastante a comunicação entre o sindicato e sócios e vice-versa». Um exemplo desta situação «é a quantidade de questões que são colocadas na nossa página da Internet».

A receptividade dos profissionais de medicina veterinária a estas novas formas de comunicar tem sido «muito boa», afiança o responsável, explanando que «as consultas ao site, bem como as questões aí colocadas provam que a página da Internet foi uma boa aposta do sindicato para se aproximar ainda mais dos seus sócios. Grande parte da informação disponibilizada por estes meios vai ao encontro das necessidades dos médicos veterinários».
E, «como em qualquer outro segmento profissional, são os médicos veterinários mais novos que fazem maior utilização das novas tecnologias de informação», refere o presidente da SPCV. Não obstante, alerta que «é extraordinariamente gratificante verificar que o recurso às ferramentas actuais de comunicação é prática corrente de muitos veterinários em todas as faixas etárias, incluindo os aposentados e cuja idade ultrapassa os 70 anos». Carlos Godinho sublinha ainda que «hoje seria impensável não utilizar as ferramentas actuais de comunicação, mesmo no caso de uma instituição centenária».

Maria José Marques Pinto, da DGV, também é da opinião que a Internet veio facilitar a comunicação «de um modo muito favorável, uma vez que os médicos veterinários criaram o hábito de consultar a página sempre que procuram informação sobre novas situações». Na verdade, esta responsável alerta para outra questão. Numa era onde o tempo é um bem tão escasso, o site é «um instrumento que permite disponibilizar em tempo real informação sobre qualquer assunto da actualidade, evitando assim muitas perguntas e telefonemas que em muito complicariam a orgânica dos serviços e que são esclarecidos autonomamente sem dependência de outras vias de comunicação mais onerosas e mais lentas». E isto é de tal maneira notório que «o número de questões colocadas telefonicamente decresceu nos últimos tempos, o que demonstra que os nossos parceiros detêm informação actualizada».

A OMV também avança que «estas formas de comunicação têm tido, de forma geral, uma excelente receptividade». Neste sentido, «as estatísticas de visita e consulta do site da Ordem têm tido uma evolução continuamente crescente. De uma média de 3.100 visitas mensais em 2006, aumentamos para 4.200 em 2007; 5.300 em 2008 e no primeiro trimestre de 2009 registámos uma média de 6.500 visitantes por mês». Por outro lado, «os picos de tráfego mensal verificam-se sempre que a newsletter é editada, o que demonstra que esta é lida e consultada pelos membros. Dos cerca de 3.700 membros activos da Ordem, a newsletter é enviada a 2.868 membros (77%), o que se considera um nível de cobertura bastante bom».

O canal no Youtube, desde a sua criação, «já teve mais de 3.000 visitas e a maioria dos vídeos registou entre 500 a 1.000 visualizações, existindo mesmo conteúdos que foram exibidos 4.000 e 6.000 vezes (é possível pesquisar vídeos individualmente sem entrar no canal da OMV)».

O perfil no Twitter, apesar de criado há menos de um mês, «apresenta já 36 seguidores, entre os quais se destacam meios de comunicação (RTP, SIC, Visão, Público), Partidos Políticos e órgãos do Estado, bem como particulares». A fonte da OMV esclarece ainda que «esta é uma oportunidade única de divulgação de actividades e conteúdos de interesse, e evidencia também um esforço de adequação da Ordem às novas tecnologias, projectando uma imagem positiva e moderna». E admite mesmo que «sem a utilização destes instrumentos, seria muito difícil para a OMV atingir este nível de projecção e de contacto com os seus membros e com o público».

Comunicação = união?

Mas será que o facto de haver uma maior facilidade rapidez em comunicar se traduz efectivamente numa maior união entre os profissionais de medicina veterinária?

Segundo a fonte da OMV, «não dispomos de muitas informações que documentem esta questão». Não obstante, «pensamos que estas ferramentas são essenciais para a criação da identidade da Ordem e para transmitir uma imagem dinâmica e actual e é nosso objectivo a melhoria contínua destes meios de comunicação, para que os membros os utilizem com maior frequência e se revejam neles. Ao utilizar as ferramentas que a Ordem disponibiliza, os membros com certeza criarão um sentimento de pertença, união e aproximação à OMV».

Maria José Marques Pinto, da DGV, afirma que «julgamos que sim, visto que o acesso directo à informação de forma igual para todos mostra um espírito de disponibilidade, transparência e igualdade de tratamento por parte dos serviços oficiais».

Para João Pedro Duarte da Silva, do SNVM, «torna possível os médicos veterinários estarem ainda mais informados das acções por nós desenvolvidas, bem como de outros assuntos do seu interesse».

Carlos Godinho, porém, crê que «a união e a desunião acontecem à volta de causas comuns e estas vivem da sua divulgação, da discussão e da partilha de opiniões. Considerando que as ferramentas actuais de informação permitem que isto aconteça, de forma mais alargada e mais rapidamente, é natural que, quer a união quer a desunião, possam acontecer com maior expressão em torno de aspectos particulares».

A verdade é que hoje «é mais fácil mobilizar os veterinários e mantê-los informados sobre tudo o que é importante para si e para a sua actividade», conclui.

Internet e educação

Outra situação onde se “usa e abusa” destas ferramentas é no meio académico. A Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona utiliza um portal, que compreende a seguinte informação, segundo Alexandra Sanfins, «site de divulgação do nosso Programa de Formação Avançada, que inclui cursos e pós-graduações nas diversas áreas da medicina veterinária; revista Lusófona de Ciência e Medicina Veterinária de divulgação científica; e recursos pedagógicos para os alunos onde se incluem vários documentos de estudo, a título de exemplo: Atlas de Citologia e Histologia Veterinária I e II, e Atlas de Anatomia Patológica I, bem como outros recursos».

Para além disso, «dispomos igualmente de uma newsletter que utilizamos para divulgação do Programa de Formação Avançada e de eventos relacionados com a logística pedagógica e académica do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária». Tudo isto desde 2004.

Estas ferramentas permitiram dar «a conhecer o nosso Mestrado Integrado e o nosso Programa de Formação Avançada, visto que muitos dos profissionais que nos contactam tiveram conhecimento através do site».

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