Fundada em Abril de 2009, a estrutura do Hospital Veterinário de Viseu foi totalmente projectada para prestar um serviço completo 24 horas por dia, 365 dias por ano. Aliás, para Abel Fernandes, director clínico, só assim faz sentido chamar-se Hospital. “É uma das nossas principais apostas. Ou melhor, mais do que uma aposta, é uma filosofia. Quem nos procura sabe que vai encontrar não um número de telefone para o qual ligar. Vai encontrar uma porta aberta com profissionais. E mesmo que seja necessário alguma área específica cujo profissional não esteja presente na altura, num curto espaço de tempo desloca-se ao Hospital para efectuar os procedimentos necessários.” Ou seja, a partir das 21h00 a unidade permanece aberta, em regime de urgência, encontrando-se permanentemente no local um médico e um enfermeiro veterinários para prestação dos cuidados imediatos.
Quase todas as valências integradas
Para igualmente fazer jus à categoria de Hospital, o SOS Animal tem praticamente todas as valências disponíveis na própria unidade. “Uma das razões pelas quais o Hospital foi fundado foi precisamente para colmatar essa lacuna que existia na região. Eu diria mesmo que em 99,9 por cento das vezes conseguimos resolver o problema aqui. Só numa percentagem perfeitamente residual é que temos de procurar valências fora de portas”, explicou Abel Fernandes. Entre as valências contam-se as urgências, com serviço permanente, consulta geral, consulta de animais exóticos, cirurgia geral, identificação electrónica, vacinação e desparasitação, ecografia e ecocardiografia, radiologia, análises clínicas, cirurgia ortopédica, oftalmologia, oncologia, destartarização, fisioterapia, geriatria, peritagens, internamento geral, internamento de doenças infecciosas, internamento de exóticos, banhos e tosquias e serviço ao domicílio.
As instalações são compostas por uma Urgência e Ecografia, apesar de o profissional adiantar que da totalidade dos animais que se apresentam a uma urgência, apenas 30 por cento são efectivamente casos urgentes. “Costumamos dizer que, na maioria das vezes, a urgência é para o dono. O que é excelente, porque só quer dizer que se preocupam com os seus animais”.
Existem ainda dois consultórios para atendimento geral, vacinas ou consultas de acompanhamento, seguidos por uma sala de tratamentos gerais onde normalmente se procede à realização de pensos, limpeza de feridas, colheita de sangue, entre outros tratamentos. O laboratório de análises está, segundo Abel Fernandes, totalmente equipado permitindo a realização de quase todo o tipo de análises na hora. Existe ainda a sala de Raio X, com equipamento digital proporcionando imagens de alta qualidade.
Animais são acompanhados 24 horas
Mas há mais. Existe ainda uma sala de pré-cirurgia, um espaço onde se procede à esterilização do material cirúrgico e à preparação, de forma asséptica, da equipa cirúrgica. O local de internamento de cuidados intensivos é onde os animais permanecem durante o recobro ou sempre que precisam de cuidados intensivos, seguindo-se a sala de cirurgia, totalmente equipada com aparelhos que permitem uma monitorização anestésica e a realização de quase todo o tipo e intervenções cirúrgicas, como cirurgias de tecidos moles ou ortopédicas. Actualmente a média é de uma cirurgia por dia. O internamento geral tem a capacidade para acolher 17 animais, em espaços criados especificamente para esse efeito. Todos os animais internados são acompanhados 24 horas por dia, garante a clínica.
Já o internamento de infecto-contagiosas tem capacidade para acolher 12 animais. Este é um espaço isolado, com um sistema de extracção independente, assim como zonas de banho e medicação próprias, de forma a prevenir a contaminação dos restantes espaços do hospital. Também aqui os internados são acompanhados 24 horas por dia.
O Hospital também dispõe da denominada sala de Grooming, com equipamento específico para a realização de banhos e tosquias, de animais de todas as raças e tamanhos. Conta ainda com espaço para acolher dois animais para, no caso de terem que permanecer nas instalações, não ficarem em contacto com os internados. Por último, o SOS Animal dispõe de uma farmácia, denominada a Lojinha da Saúde, aberta ao público em geral e que acaba também por funcionar como armazém do próprio Hospital.
Cães e gatos reinam
Animais de companhia, animais de produção e animais exóticos: todos podem ser acompanhados no SOS Animal. Contudo, segundo Abel Fernandes, é óbvio que os cães e gatos são os que mais recorrem à unidade. Da totalidade dos animais, cerca de 98 por cento são cães e gatos e destes, a percentagem de gatos é grande pois o Hospital situa-se em plena cidade de Viseu. “É normal que, numa cidade, a percentagem de gatos seja grande”.
No que diz respeito às consultas dos animais de produção, o SOS Animal dispõe de duas ambulâncias, podendo a equipa médica deslocar-se e prestar a assistência necessária. “O nosso hospital presta um serviço personalizado aos criadores de animais de produção – sejam bovinos, ovinos, caprinos, suínos e leporídeos – no que respeita a nutrição animal, identificação, sanidade, reprodução animal, vacinação e desparasitação. A equipa desenvolve ainda planos profiláticos no sentido evitar doenças importantes que possam provocar quebras de produtividade.
Nos animais exóticos, o Hospital classifica de um modo prático todos os animais que não sejam cão, gato, cavalo ou animais com fins produtivos como animais exóticos. A unidade alerta que os animais naturais da fauna portuguesa (autóctones), como os gaios e os melros, são de posse ilegal e não entram na categoria de animais exóticos. E explicam que os animais exóticos possuem uma flora natural muito diferente da nossa sendo, por isso, essencial para a saúde humana a sua desparasitação interna e cuidados de higiene contínuos.
Crise aumenta tratamentos drásticos
Mas será que a actual crise está a afectar a saúde dos animais? Abel Fernandes diz que é inevitável que tal aconteça. E admite que, numa altura economicamente mais frágil como a que actualmente vivemos, as idas ao veterinário com o animal tornam-se mais escassas, nomeadamente as de rotina. “Nestas alturas há um claro aumento dos episódios de urgência. As pessoas acabam por trazer o animal em casos mais urgentes e não de uma forma mais rotineira”. Também derivado à recessão económica generalizada, as hipóteses de tratamento são menores já que muitas vezes os donos acabam por ter de optar por tratamentos mais drásticos face às despesas que muitas vezes estão envolvidas”.
Abel Fernandes garante que um dos factores que distingue o hospital da concorrência – que em Viseu é muito forte dada a presença de dois hospitais e seis clínicas num raio de 1,5 quilómetros – é o facto de no SOS Animal não existirem auxiliares, mas antes enfermeiros veterinários. “Além de apostarmos na qualidade dos nossos profissionais, apostamos ainda na contínua formação dos recursos humanos para desta forma conseguir manter o nível de qualidade sempre elevado”.
Um dos desejos do director clínico é que o Hospital passe efectivamente a ter todas as valências necessárias e deixe de ter de recorrer a serviços externos, nomeadamente TAC e endoscopia. “Mas isso teria de ser um investimento muito ponderado. Seria um excelente sinal ter isso aqui no Hospital”. Entretanto, a unidade tem já formuladas com várias clínicas parcerias na qual o Hospital apenas fornece o serviço de urgência, mantendo o animal o seu “veterinário de família” habitual.