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Investigação

Profissionais veterinários têm risco elevado de desenvolver problemas de saúde mental

veterinária em burnout

O stresse e a diminuição do bem-estar são um problema para milhares de veterinários por todo o mundo, de acordo com o primeiro estudo global sobre o bem-estar dos profissionais de medicina veterinária, que foi levado a cabo pela World Small Animal Veterinary Association (WSAVA). As conclusões do estudo, intitulado Moldar o futuro: o bem-estar na profissão veterinária (Shaping the future: wellness in the veterinary profession), foram apresentadas durante o Congresso Mundial da WSAVA em Toronto, no Canadá, no passado dia 17 de julho, e revelam uma correlação entre o exercício da veterinária e o risco elevado de desenvolver problemas de saúde mental.

O estudo, que contou com a participação de 4 258 veterinários por todo o mundo, mostra que os problemas abarcam toda a equipa, não apenas os médicos veterinários, e que os mais afetados são as mulheres, os jovens profissionais e as enfermeiras e auxiliares veterinários.

 

Os resultados da pesquisa, que foi conduzida pelo Grupo Profissional de Bem-estar da WSAVA, foram analisados através da escala de stresse psicológico de Kessler, que mede a ansiedade e a depressão, e também por uma escala de satisfação de vida e de satisfação com a carreira.

As conclusões foram apresentadas pela psicóloga Nienke Endenburg, que trabalha na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos. “A nossa pesquisa – o primeiro estudo global de bem-estar na medicina veterinária – confirma uma possível correlação entre a carreira em medicina veterinária e um elevado risco de problemas de saúde mental. É provável que tal seja causado por uma combinação de fatores, incluindo o ambiente profissional, características pessoais e as pressões dos clientes. Estamos muito preocupados com o impacto que isto está a ter em milhares de profissionais veterinários por todo o mundo e acreditamos que deve ser abordado sem demoras”, disse a psicóloga e co-chair do Grupo Profissional de Bem-estar da WSAVA.

 

Nienke Endenburg acrescentou ainda que a informação recolhida vai ser analisada em maior pormenor e que será preparada para publicação científica. “Iremos então desenvolver um plano de ação urgente”, afirmou.

Como parte deste plano de ação, garantiu a co-chair, serão partilhadas ferramentas criadas por associações de médicos veterinários, bem como outras criadas com base no estudo, “para assegurar que todos os membros da equipa de cuidados veterinários possam ter ajuda quando tiverem – ou, idealmente, antes de terem – um problema de saúde mental”.

 

Outro ponto interessante destacado pelo estudo foi a relutância em falar sobre saúde mental em África e na Ásia. Num comunicado publicado no seu site, a WSAVA disse que “as barreiras à discussão aberta sobre problemas de saúde mental são uma preocupação significativa”, especialmente porque “a profissão se está a desenvolver muito rapidamente nestes continentes”.

 

 
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