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EFOMV

Pedro Fabrica: “Uma das apostas passa por começar a trazer médicos veterinários de outros países ao congresso”

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O Encontro de Formação da Ordem dos Médicos Veterinários está de volta. Falámos com Pedro Fabrica, responsável pelo programa, que revelou o que a organização está a preparar este ano e o porquê da realização do evento em Abril. É que, com Lisboa na moda, há que aproveitar para chamar a atenção dos médicos veterinários estrangeiros.

Em 2017, o EFOMV foi pago. Este ano a situação está esclarecida?

 

Sim, o valor mantém-se e foi estabelecido porque aumentámos a qualidade do evento. O ano passado todos os palestrantes, nacionais e internacionais, receberam honorários porque a OMV tem de prezar o trabalho de quem colabora nestes eventos. Além disso foi feito um investimento na modernização do evento, nomeadamente com uma nova aplicação onde os utilizadores podiam colocar dúvidas em tempo real. Também ajudava a fazer a gestão das palestras que mais interessavam a cada um dos participantes. Instalámos um sistema de monitorização de entradas para podemos tomar decisões para este 8º EFOMV sobre quais foram as áreas que tiveram maior e menor audiências e assim tomar decisões mais sustentadas tendo em conta o fluxo de salas. Isso ajudou muito no planeamento deste ano.

Quais foram as salas mais visitadas?

 

Como era já de esperar foram as salas dos animais de companhia, mas tivemos uma excelente de adesão na sala de equinos, bem como nas novas espécies de companhia, como os exóticos, e um ou outro tema com mesa redonda, como a que abordou a temática do animal abandonado, que teve excelente adesão.

Este ano vão voltar a usar a aplicação?

 

Sim, uma vez que foi um investimento que fizemos o ano passado. Este ano o investimento vai ser muito menor porque a aplicação já está desenvolvida, basta fazer uma atualização de conteúdos e design. Pode ser mais bem usada, uma vez que o ano passado as pessoas ainda se estavam a habituar à novidade.

Em 2017 tiveram algumas dificuldades com o sistema de acreditação, que gerou grandes filas à entrada. Este ano como vão resolver a questão?

 

Sim, o ano passado no espaço de uma hora conseguimos fazer o check-in de mais de 500 pessoas, o que é extraordinário. Este ano temos um parceiro novo para fazer quer as inscrições, quer o check-in. Como sabemos que é um dos pontos de maior stresse queremos melhorar este ponto e temos uma estrutura só pensada para isso.

Este ano como identificaram os palestrantes internacionais?

Um dos critérios passa por não repetir oradores para termos o efeito de novidade a nível do programa. Depois queremos palestrantes que dominem os temas ou que tenham capacidade de oratória para chamar a atenção das pessoas. Este ano também temos o apoio de uma associação internacional – EVECCS – Associação Europeia de Emergências e Cuidados Intensivos, que se associou ao programa e patrocinou as sessões de animais de companhia, e que indicou um orador. Também vão divulgar o evento a nível internacional.

Querem chamar a atenção do público internacional?

Sim. Uma das apostas deste ano, apesar de ainda ser algo embrionária, passa por começar a trazer médicos veterinários de outros países para o congresso. Por isso vamos ter tradução nas salas 1 e 2 de animais de companhia, que são as salas mais concorridas. Por um lado conseguimos internacionalizar o evento, por outro podemos aumentar a sustentabilidade. Como os membros pagam as suas quotas conseguimos fazer um evento de elevada qualidade a um valor mais baixo, mas para garantirmos a sustentabilidade gostaríamos de trazer mais pessoas de fora, com um preço mais próximo do real, entre os 250 e 280€.

Queremos tirar partido do destaque que Lisboa está a ter a nível internacional e por isso a nossa campanha internacional chama-se: The Spring is Comming. Mudámos estrategicamente o EFOMV de final de Outono/início de Inverno para o início da Primavera pois sabemos que é um aliciante vir fazer formação e tirar uns dias de férias em Lisboa. Queremos começar a apostar neste segmento europeu para conseguirmos garantir a total sustentabilidade do evento.

Quais os objetivos definidos para este ano?

O objetivo é mantermos o mesmo número de participantes do ano passado, 1300, e se possível chegar aos 1500. Em termos de patrocínios, o objetivo está atingido porque já temos o pavilhão comercial cheio. Superou as nossas expectativas. Os patrocinadores que estão este ano são cada vez menos os patrocinadores clássicos e começamos a ver as novas tecnologias e novos negócios dentro da medicina veterinária e tudo o que seja relacionado com novas tecnologias, aplicações. Significa que a profissão está a mudar.

Aumentámos uma sala, ou seja, este ano vamos ter 8 salas e no seguimento do feedback que tivemos dos membros, além do programa científico temos uma sala do Conselho Profissional e Deontológico em que vamos abordar quatro temas que têm despertado algumas dúvidas, sobre publicidade e medicina veterinária homeopática.

Também vamos ter uma sala em que vai ser abordada a medicina veterinária de catástrofe. Achamos que como Ordem devemos estar envolvidos em todo o processo de proteção civil e como tal vamos ter uma tarde dedicada a este tema, com uma mesa redonda a discutir o que foram os incêndios de 2017 e o que gostaríamos para o futuro com um painel de pessoas que estiveram envolvidas na ajuda às populações. Vamos ter igualmente um palestrante que está habituado a estabelecer programas de ajuda com organizações não-governamentais- Lois Lelanchon. O programa inclui ainda várias palestras dedicadas à antibiorresistência, na sala de Saúde Pública, com destaque para uma palestra relacionada com o bioterrorismo, algo que não é falado, mas pode ser interessante de abordar.

“Vamos ter uma sala em que vai ser abordada a medicina veterinária de catástrofe. Achamos que como Ordem devemos estar envolvidos em todo o processo de proteção civil e como tal vamos ter uma tarde dedicada a este tema

Fizemos outro investimento este ano: devido à boa adesão de médicos veterinários de equinos duplicámos o número de horas de formação, com um dia dedicado à ciência formativa relacionado com medicina e cirurgia e no outro um dia dedicado a temas de gestão de médicos veterinários de equinos. Sabemos que há muita concorrência nesta área e para evoluir é necessário esta formação, então investimos num orador para gestão veterinária equina – Joop Loomans.

E vão voltar a apostar na sala de gestão para médicos veterinários?

Sim, temos também a sala de gestão veterinária para clínicas, que o ano passado teve uma boa adesão. Este ano contamos com o orador inglês Alan Robinson e o médico veterinário espanhol – Enric Ferrer – para falar de comunicação no CAMV.

Abrimos este ano mais uma sala de Gestão e Recursos Humanos e investimos em comunicação interpessoal em ambiente de clinica com uma oradora que escreveu um livro sobre comunicação em clinicas veterinárias, e uma oradora americana para falar de gestão da frustração na carreira medico veterinária e como arranjar processos para lidar com fenómenos de burnout e suicídio na medicina veterinária.

Este ano estão previstos workshops?

Colocámos essa possibilidade às associações organizarem e duas delas aceitaram: a SPCV e a APMVEAC. Os workshops são da inteira responsabilidade das associações, apenas cedemos o espaço que pode ser dinamizado com os sócios. Queremos ter uma parceria com as associações.

Também vão discutir o tema das medicinas alternativas?

O futuro da medicina veterinária passa por partilhar, num ambiente de abertura, o que pode contribuir de forma positiva para a medicina veterinária e por isso incluímos a sala sobre o futuro da medicina veterinária. Vai ser uma manhã em que temos quatro palestras de áreas que estão a crescer quer por tendência profissional, quer por moda, para dar informação aos membros que querem saber mais sobre estas áreas.

De relembrar que mantemos a sala de bem-estar animal, que teve excelente adesão o ano passado. Temos ainda o programa de medicina veterinária avícola, temos grandes animais, a única valência que este ano não estamos a cobrir é a aquacultura e as espécies cinegéticas, zoos e animais silvestres. Se bem que na sala dos novos animais de companhia há uma palestra sobre estas espécies silvestres em ambiente de clínica. Gostaria que as pessoas que forem ao EFOMV sintam a mesma satisfação que sentiram o ano passado: com um evento dinâmico, com palestras de qualidade, pontual e organizado e que saiam a pensar que valeu a pena e que o investimento feito pela Ordem valeu a pena.

Alguma palestra que destaca em especial?

Vamos ter uma palestra sobre o futuro da produção de alimentos com as novas tecnologias nanodisruptivas. O problema da alimentação da população mundial coloca-se em termos de produção animal e neste momento já existe uma tecnologia de produção laboratorial de proteína animal. Vamos analisar o processo que leva a essa produção e as questões que podem ter impacto a nível da classe médico veterinária: como vai ser quando a proteína for feita no laboratório, qual o papel do médico veterinário? Isto vai levar necessariamente a que os cursos de medicina veterinária comecem a olhar para o futuro e atualizem os conteúdos programáticos. Não é futurologia, neste momento temos um investigador na Universidade do Minho que já consegue produzir um bife em laboratório – Lorenzo Pastrana – que vai falar no domingo, na sala de Inspeção e Segurança Alimentar.

Sabia que…Este ano, no ato de inscrição, vai poder escolher se quer almoçar ou não no evento. Há a opção de buffet para quem deseje almoçar no recinto. Opção limitada aos lugares disponíveis.
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