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Ana Carolina Antunes: a veterinária apaixonada por big data e data science

Ana Carolina Antunes: a veterinária apaixonada por big data e data science
Uma médica veterinária a fazer a residência no Colégio Europeu de Saúde Pública veterinária que trabalha com big data e data science? Sim, Ana Carolina Antunes trabalha com bases de dados que a ajudam a monitorizar doenças em suínos na Dinamarca. Um trabalho que já lhe valeu um prémio para a melhor tese de doutoramento.

Em 2018 venceu o prémio para melhor doutoramento na área de suínos da MSD/Merck Animal Health. Em que consistiu o doutoramento e o que fez com que se destacasse entre os restantes concorrentes?

O objetivo do meu projeto de doutoramento foi avaliar o potencial das bases de dados com dados relacionados com saúde animal como uma ferramenta para monitorizar doenças em suínos na Dinamarca.

 

Isto incluiu: i) descrever e avaliar a qualidade dos dados nas bases de dados dinamarquesas relativamente ao seu potencial para a vigilância da doença; ii) explorar a viabilidade de monitorizar alterações temporais e espaciais nos dados para detetar mudanças que possam indicar surtos e a propagação de doenças entre explorações e iii) avaliar o desempenho de diferentes métodos de análise de séries temporais quando aplicados à monitorização e vigilância de doenças endémicas.

Os estudos incluídos neste projeto focaram-se em doenças endémicas, usando o Síndrome Respiratório e Reprodutor Porcino (PRRS) como exemplo. Penso que este projeto se destaca por incluir temas de grande importância (como doenças infeciosas, sistemas de monitorização e vigilância e big data), pela inovação dos métodos desenvolvidos e pela aplicabilidade do projeto.

 

Como recebeu a notícia?

Recebi um email da MSD/Merck Animal Health nos Estados Unidos a pedirem para agendar um telefonema, que foi feito pela Diretora Técnica Global para Suínos da empresa e que me informou que tinha ganho o prémio. Perguntou se era possível preparar uma apresentação de 45 minutos para três congressos da MSD/Merck em 2018 no Vietname, no Peru e em Itália.

 

Fiquei bastante feliz e honrada pela possibilidade de apresentar o meu trabalho mundialmente para centenas de veterinários e suinicultores em três continentes, aprender novos temas e conhecer novos países e culturas.

O prémio ajudou ao seu reconhecimento dentro da área?

 

A Dinamarca é um dos maiores produtores e exportadores de carne suína do mundo, onde a suinicultura é vista como um exemplo por muitos países. Acho que este prémio só vem reforçar a posição do país como um dos maiores e melhores a nível mundial e enaltecer o investimento do país na investigação e inovação nesta área.

Do ponto de vista pessoal espero que este prémio me abra novas portas profissionalmente, mas caso isso não aconteça foi uma das melhores experiências profissionais que tive até hoje.

Porque escolheu a Epidemiologia?

Trabalho na área da Epidemiologia, mais concretamente com sistemas de monitorização e vigilância de doenças. À semelhança da grande maioria dos alunos que ingressam no curso de Medicina Veterinária na Faculdade de Medicine Veterinária – Universidade de Lisboa, também tinha o objetivo de fazer da clínica de pequenos animais a minha atividade profissional.

Logo desde que entrei para a faculdade comecei a fazer estágios nesta área aos fins-de-semana e durante as férias. Ao fim de um ou dois anos apercebi-me que não tinha o perfil para trabalhar nesta área. No terceiro ano do curso procurei oportunidades junto dos professores de Epidemiologia com o objetivo de aprender mais sobre a área e acabei por gostar. É uma área vasta e multidisciplinar, o que me permite estar sempre a aprender.

Sempre gostei de investigação e de perceber como as doenças infeciosas se espalham, identificar fatores de risco e avaliar o seu impacto nas populações. E isto só é possível através da análise de dados. É uma área desafiante onde tenho de usar o meu conhecimento clínico, de doenças infeciosas, de virologia/ microbiologia/ parasitologia, de saúde pública e de produção animal que adquiri durante o curso. Além disso tive de aprender estatística, modelação de dados, álgebra e programação, áreas que atualmente são uma mais valia no mercado de trabalho.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar no estrangeiro?

A oportunidade surgiu na sequência da candidatura ao doutoramento em Epidemiologia na Dinamarca, um mês após ter acabado a faculdade. Vi o anúncio da vaga online no mesmo dia em que apresentei a minha tese, concorri e fui selecionada.

Tenho a certeza de que a minha experiência prévia em estágios no estrangeiro (Cabo Verde e Bélgica) abriu-me esta porta, pois deu-me experiência internacional e ajudou-me a iniciar uma rede de contactos essenciais para trabalhar na investigação. Neste momento estou a trabalhar como Postdoc no Instituto Nacional de Veterinária da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU Veterinærinstituttet).

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