“O cheque veterinário tem uma filosofia semelhante à do cheque dentista. Só que, enquanto o cheque dentista é comparticipado pelo Estado, o cheque veterinário é um cheque de apoio da Ordem e dos Médicos Veterinários e de outras instituições que se juntaram para poderem concretizar este projeto”, refere a bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso.
“Cientes de que os veterinários sempre foram solidários e tendo em conta o momento de crise que a sociedade atravessa, decidimos iniciar um projeto que coloque o médico veterinário no lugar que sempre esteve”, continua a bastonária.
“Este projeto tem duas vertentes: a primeira está relacionada com a qualidade, porque todas as pessoas que têm um animal de estimação, com ou sem dificuldades económicas, têm o direito de o tratar e com qualidade. A outra está relacionada com a ética. A OMV associou-se a instituições que permitem manter o rigor e a ética em todo o processo”. Tal significa que as famílias vão ser selecionadas pelas Juntas de Freguesa, que vão fazer uma triagem de quais as que precisam de mais ajudas.
As primeiras freguesias a beneficiar do cheque veterinário serão Carnide, Benfica, Misericórdia e Santo António, numa parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “A ideia é limar o processo para estender o projeto a todo o país”, refere Laurentina Pedroso. O cheque veterinário vai ser entregue nas Juntas de Freguesia e na Santa Casa da Misericórdia, que têm “uma listagem dos CAMV’s aderentes e os beneficiados só podem ir a essas clínicas. Neste momento já temos 20 CAMV’s aderentes”.
Nesta primeira fase, o programa estima abranger um total de “pelo menos duas mil intervenções” e dará direito a tratamentos médico-veterinários e a medicação gratuita em CAMV’s aderentes, nomeadamente vacinação contra doenças fatais, desparasitação interna e externa, assim como esterilização. “Tudo isto tem os seus custos e contamos com a ajuda da indústria farmacêutica, bem como instituições que nos vão ajudar a valorizar e dignificar o trabalho do médico veterinário”.
Laurentina Pedroso referiu ainda que os veterinários não têm ajuda do Estado, uma vez que os serviços continuam a ser taxados a 23%, o que não acontece na saúde humana. “Fazer saúde veterinária é defender a saúde pública porque existem doenças transmissíveis entre o homem e o animal. Continuar a ter o IVA a 23% não é razoável para o trabalho que fazemos”.