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Animais de Companhia

Abandono animal dispara desde o início da pandemia

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O abandono de animais subiu “significativamente” na sequência da pandemia, ao passo que o número de adoções desceu. De acordo com um inquérito realizado pela Animalife, as dificuldades económicas das famílias, a par com a incapacidade para garantir bens e serviços de primeira necessidade, como alimentação ou tratamentos médico-veterinários aos animais, são “as duas grandes causas” que levam ao abandono em Portugal, atualmente.

De acordo com o inquérito realizado junto de mais de 200 associações de proteção animal do País, 90% declara que “houve, efetivamente, um aumento do número de abandonos na sequência da pandemia de covid-19”. Apenas 11,4% das associações afirma não ter registado um aumento do número de animais abandonados.

 

A taxa de abandono, segundo a maioria das associações, situa-se entre os 10% e os 20%. Ainda assim mais de 20% admite uma subida “bem mais significativa”, neste caso, superior a 30%.

As dificuldades económicas decorrentes da pandemia, provocadas, por exemplo, por situações de desemprego, são a principal causa invocada para justificar o aumento do número de animais abandonados neste período, com quase metade das associações a apontar que esta é a principal justificação. A maior dificuldade no acesso a bens e serviços de primeira necessidade, como alimentação ou tratamentos médico-veterinários, é o segundo motivo apontado para justificar o abandono.

 

Contrariamente aos números do abandono, o número de adoções caiu durante o período da pandemia. Mais de metade das associações admite que esse número baixou, enquanto as restantes apontam para taxas de crescimento “fracas” (até 20%).

Segundo o mesmo inquérito, as novas adoções ficaram, na sua maioria, a dever-se ao “aumento do tempo disponível para dedicar aos animais, na sequência do confinamento ou do teletrabalho”. Houve também muitos animais adotados neste período com o objetivo de “fazerem companhia a um outro animal já existente na família”.

 

Apoios em queda 

O inquérito agora efetuado permitiu ainda concluir que mais de 90% das associações registaram uma diminuição nas receitas e donativos, desde o início da pandemia, sendo que para mais de metade a queda dos apoios é classificada como “drástica”.

 

As associações perderam, principalmente, apoios por parte de pessoas individuais (mais de 80%) e de entidades privadas. Algumas viram ainda diminuir o número de esterilizações de animais no âmbito dos programas CED.

A maioria das associações (60,7%) admite que tem tido alguma dificuldade no acesso a produtos/bens necessários ao seu dia-a-dia. Entre os bens que as associações têm sentido maior dificuldade em assegurar contam-se os desparasitantes (59,3%), alimentação para gato (51,4%) e alimentação para cão (49,3%). Algumas associações referem ainda a falta de medicamentos e de areia para gato.

No comunicado enviado às redações, a Animalife revela que a redução dos apoios teve “reflexo imediato” no dia a dia da instituição. “Bastaram poucos dias, desde o início da pandemia, para que o número de pedidos de ajuda disparasse: por parte de associações que viram os seus donativos cair e as suas reservas de ração esgotar; por parte de cuidadores de colónias que ficaram sem meios para alimentar os animais a seu cargo; por parte de pessoas comuns que, de um dia para o outro, se viram sem trabalho e deixaram de conseguir assegurar a alimentação e os cuidados médico-veterinários dos seus animais de companhia”, revela a associação.

A Animalife procurou, ainda assim, “manter de pé todas as ajudas”. No final de março, a associação lançou a Plataforma Solidária Animal (PSA), que “juntou pessoas com necessidades a pessoas disponíveis para ajudar e possibilitou que levasse perto de 200 toneladas de ração até algumas associações que de outra forma não teriam como alimentar os animais de que cuidam diariamente”. Além disso, tem tentado estudar, em conjunto com diversos parceiros, “diferentes tipos de soluções que permitam não deixar de continuar a apoiar aqueles que dependem da sua ajuda”.

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