Várias organizações ligadas à alimentação e ao mundo rural “repudiam as inverdades sobre o agroalimentar e condenam a campanha de rumores” sobre a área de atividade. Ao todo são 16 organizações que se juntaram, entre as quais a ANIPLA, a APFIVET, a CAP e a OMV, e assinaram um manifesto “Por uma alimentação consciente em Portugal”.
Em comunicado, as organizações revelam que o manifesto pretende esclarecer as responsabilidades e contributos dos setores em causa para o aquecimento global, a emissão de gases de efeitos de estufa (GEE), a contaminação ambiental, a saúde e bem-estar animal, o impacto na floresta e o bem-estar social.
Os signatários afirmam que os setores agrícola, pecuário e agroalimentar “têm vindo a ser alvo de campanhas difamatórias que, como tal, faltam à verdade e chegam mesmo a transmitir informação contraditória à ação das entidades fiscalizadoras nacionais”.
As organizações consideram que “não existem setores sustentáveis e setores insustentáveis, mas sim práticas comerciais sustentáveis e outras não sustentáveis”.
“A emissão de informações propositadamente desequilibradas e ofensivas, sem verificação dos factos, motivam estas organizações ligadas à alimentação e ao mundo rural a assinar o manifesto”, informam as organizações signatárias.
Informações dadas pelo Manifesto
Relativamente ao aquecimento global e à emissão de GEE, “o Manifesto esclarece que, segundo o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), a agricultura é responsável por 10% das emissões nacionais de GEE e por isso lhe atribui uma redução de apenas 11% até 2030 face a 2005”.
O Manifesto refere igualmente, usando dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que “considerados os setores agroflorestal e pecuário, cuja propriedade está concentrada nos mesmos agentes económicos, as emissões são inferiores a 1% e que, segundo o PNEC 2030, a agricultura em Portugal é responsável por apenas 3% do consumo energético nacional”.
Além disto, afirmam ser necessário “considerar o contributo das pastagens para a diminuição do risco de fogos rurais prestado pela pastorícia e atestado pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Florestais (AGIF) no Plano Nacional de Ação de combate a fogos rurais”.
No que respeita à contaminação ambiental, as entidades referem que, numa década, “o país reduziu o uso de fitofármacos em 43%, sendo o Estado-Membro da UE que apresenta uma maior redução”.
No que concerne à saúde e bem-estar animal, “realça-se que a carne nacional provém de animais que não utilizam promotores de crescimento, situação que seria ilegal, e que as práticas nacionais promovem o bem-estar animal”.
Já quanto ao risco de desflorestação, o texto assinado explica que “em Portugal não há desflorestação” e termina referindo o contributo dos setores para o País. Nomeadamente, expõe dados do INE que registam 7,5 mil milhões de euros em exportações, “refere-se que em 2020 o agroalimentar foi o único setor que, em plena pandemia, conseguiu aumentar as exportações nacionais em 6,7% e revela-se que os setores signatários criam mais de 314.000 postos de trabalho diretos, ou seja, mais de 6% do emprego do País”.
Pode ler o manifesto, aqui.