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Médicos Veterinários

Dermatologista veterinária alerta para aumento de doenças parasitárias na pele de equinos

cavalos nos estábulos Veterinária Atual

A dermatologista veterinária Sue Paterson alertou que a redução do uso de anti-helmínticos em equinos está a tornar determinadas doenças parasitárias mais prevalentes.

Os veterinários têm sido ‘pressionados’ a reduzir o uso de anti-helmínticos, mas o regresso ao seu uso indiscriminado é também visto como inconcebível. Assim, Sue Paterson aconselha que os problemas de pele sejam tratados recorrendo a aconselhamento veterinário adequado.

 

“O uso excessivo de alguns medicamentos, como os vermífugos equinos, tratou inadvertidamente problemas como doenças de pele parasitárias, mas estes podem agora ser desmascarados com uma redução no uso de anti-helmínticos”, explica Sue Paterson, citada pela publicação Vet Report.

Paterson, que fundou a empresa de telemedicina Virtual Vet Derms em 2018, explica que a empresa assistiu a um aumento de dúvidas sobre doenças de pele parasitárias dos equinos durante os últimos dois anos.

 

“Esta escalada parece coincidir com o aumento na utilização de FWEC [faecal worm egg counts – contagem de ovos de larvas fecais] em vez das rotinas de desparasitação”, refere a especialista.

“Doenças como a sarna sarcóptica, que é transportada por raposas, e a sarna corióptica parecem ser mais prevalecentes. No entanto, estudos mostram que, em muitos casos, uma visita ao veterinário é um último recurso e as pessoas vão primeiro ao ‘Dr. Google’ ou Facebook, o que é preocupante.”

 

É importante que as doenças de pele parasitárias sejam diagnosticadas precocemente para que possam ser devidamente e prontamente tratadas, antes que a condição se agrave e se propague. Para tal, a consulta com um médico veterinário permite que os padrões de doenças de pele e sinais clínicos possam devidamente ser identificados.

Portugal: estudo com anti-helmínticos naturais em caprinos

Na Universidade de Évora está a estudar-se a vegetação mediterrânica que as cabras preferem comer e o seu efeito na redução da carga parasitária. O objetivo é analisar o valor nutricional da vegetação arbustiva mediterrânica e as suas propriedades anti-helmínticas para diminuir a dependência dos métodos químicos convencionais.

 

Ludovina Padre, professora de Parasitologia Veterinária na Universidade de Évora e investigadora, explicou que, embora não seja reconhecido grande valor nutritivo nas espécies arbustivas, a sua vantagem face às espécies herbáceas é que mantêm “uma qualidade nutricional aceitável durante períodos críticos do ano como o inverno e o verão”.

A região mediterrânica, em particular, é abundante em diversidade de espécies arbustivas. Em Portugal, uma das mais abundantes, e que está a ser estudada, é a esteva. “A esteva é uma espécie arbustiva que apresenta elevada quantidade de taninos condensados. Os taninos condensados são compostos secundários das plantas, que, de acordo com diversos fatores, podem induzir efeitos benéficos ou prejudiciais nos animais. O uso de plantas ou extratos ricos em taninos condensados na dieta de ruminantes tem sido explorado como forma de melhorar a eficiência digestiva da proteína alimentar e o perfil de ácidos gordos dos produtos, mas também pelos seus efeitos antioxidantes e anti-helmínticos”, explica a investigadora.

O potencial da atividade anti-helmíntica da vegetação arbustiva nos caprinos é, aliás, o ponto de partida da investigação. Os caprinos são animais muito suscetíveis ao parasitismo gastrointestinal, um problema que pode causar quebras de rendimentos para os produtores.

“Cargas parasitárias elevadas são responsáveis por uma redução na eficiência produtiva do animal, interferindo com os processos de absorção, digestão e metabolismo dos nutrientes, acrescido do aparecimento de graves anemias, com todas as consequências que daí advêm. O stresse causado por elevados níveis produtivos, tendo em conta que a solicitação de proteínas para a produção de leite induz uma depressão do sistema imune, justifica o facto dos caprinos de aptidão leiteira se revelarem como os mais suscetíveis. Este aspeto associado à limitação no tipo de anti-helmínticos que podem ser utilizados durante a produção, o que conduz ao rápido surgimento de resistências ao tratamento por parte das populações parasitárias, obrigam a que o método de controlo do parasitismo gastrointestinal neste grupo de animais tenha que ser reavaliado”, justifica ainda Ludovina Padre.

Os projetos de investigação nos quais está envolvida – VegMedCabras e CistusRumen – estão, assim, a estudar estratégias alternativas para um controlo integrado dos parasitas gastrointestinais em caprinos, de um modo mais sustentável, com o intuito de reduzir a dependência dos métodos químicos convencionais.

*Mais sobre este projeto no artigo sobre caprinicultura de leite desta edição da VETERINÁRIA ATUAL, disponível para leitura gratuita no nosso site.
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