Julian Norton, veterinário britânico conhecido pela sua participação no programa de televisão The Yorkshire Vet, causou polémica ao referir, em entrevista ao Daily Telegraph, que existem cada vez menos jovens veterinários que estejam dispostos a trabalhar com animais de produção.
De acordo com o médico veterinário, “as pessoas estão a voltar-se para a cirurgia, onde existem mais cães, gatos e coelhos, já que existe uma perceção geral de que um trabalho com pequenos animais é mais fácil. Não existem tantas queixas devido a trabalho fora de horas, não existem vacas a parir às duas da manhã e não é preciso passar três horas na lama e à chuva. Na prática de animais de produção existem períodos de 19 dias seguidos de trabalho sem um único dia de folga e 11 noites de banco. As pessoas já não querem fazer isso.”
O médico veterinário referiu que recentemente foi aberta uma vaga na sua clínica, que atraiu apenas dez candidaturas. Contudo, há uns anos, segundo o veterinário, teriam recebido pelo menos 50 candidaturas.
As declarações já estão a causar polémica no Reino Unido, mas de acordo com o Daily Telegraph, não são infundadas. Um estudo publicado em 2014 pelo Royal College of Veterinary Surgeons (RCVS) mostrava que o número de médicos veterinários a trabalhar com animais de produção no Reino Unido caiu de 22% para 15,8% em quatro anos, enquanto o número de profissionais a trabalhar com exóticos e pequenos animais aumentou de 48,9% para 53,6%.
Ainda assim existem profissionais a contestar as declarações do médico veterinário. Sarah Voss, da Universidade de Glasgow, refere que “deduzir que os novos graduados devem ver o facto de trabalhar 19 dias seguidos sem dias de folga como ‘normal’ não ajuda. Alguém acha que isso é bom para os pacientes?”
Gudrun Ravetz, Presidente da British Veterinary Association, refere por outro lado que ainda existem médicos veterinários e recém-licenciados interessados em trabalhar com animais de produção. Um estudo realizado em 2015 pela associação revelava que 43% dos estudantes de medicina veterinária prestes a graduarem-se consideravam trabalhar com animais de produção.