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Animais Selvagens

Portugal lidera estudo sobre atropelamento de animais em todo o mundo

Portugal lidera estudo sobre atropelamento de animais em todo o mundo iStock

A iniciativa “Global Roadkill Data” divulgou o maior banco de dados sobre mortalidade devido a atropelamento de animais. Portugal surge como um dos países assinalados a vermelho devido a um elevado número de atropelamentos.

 

O estudo, publicado recentemente na revista Scientific Data, foi coordenado por Clara Grilo e Tomé Neves, investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) da Universidade do Porto, e reuniu 208.570 registos de atropelamentos, abrangendo 2.283 espécies e subespécies, recolhidos entre 1971 e 2024 em 54 países de seis continentes. O estudo adiantou ainda que, do conjunto de dados, 126 espécies ameaçadas estão expostas ao tráfego.

A Europa contribuiu com 60% dos registos, com os investigadores portugueses a serem responsáveis pela coordenação da recolha de dados em diversos países, incluindo Portugal, e pela uniformização e validação técnica da informação. Este esforço colaborativo envolveu 423 coautores de várias instituições internacionais.

 

Os investigadores também destacaram que, no caso de Portugal, a GNR e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) foram algumas das fontes de informação.

A base de dados revelou que, em Portugal, as espécies com mais registos de atropelamentos são o javali, a coruja-das-torres e a raposa. Já no que toca às espécies ameaçadas, o toirão, a marta e víboras são os animais que mais sofrem atropelamentos.

 

“Os atropelamentos são amplamente reconhecidos como um dos principais efeitos negativos das estradas em muitas espécies selvagens e também têm impactos socioeconómicos quando resultam em acidentes”, lê-se no estudo.

Os investigadores enfatizam que os atropelamentos podem “aumentar o risco de extinção local, reduzindo o tamanho efetivo da população e a diversidade genética, ao mesmo tempo que limitam os mecanismos demográficos e genéticos de resgate”.

 

Embora o número de atropelamentos seja elevado a nível mundial, explicam os cientistas, “as populações podem persistir no futuro se forem comuns e abundantes”. No entanto, se se tratarem de espécies já ameaçadas por outros fatores, com taxas reprodutivas lentas e baixas, “podem ter dificuldade em se recuperar da perda de indivíduos, mesmo quando as taxas de atropelamentos são baixas, aumentando assim o risco de extinções locais”.

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