Depressão, ansiedade e suicídio estão cada vez com taxas mais elevadas entre veterinários.
Uma pesquisa realizada em 2019 obteve dados alarmantes sobre a saúde psicológica e emocional dos médicos veterinários. O objetivo desta pesquisa foi elucidar as causas do aumento gradual de casos de depressão, ansiedade e suicídio entre veterinários e veterinárias.
Neste artigo vamos esclarecer as principais causas segundo os próprios profissionais e tentar encontrar formas de trazer uma perspetiva otimista e motivadora.
O primeiro tópico a ser abordado é o que regista que 75% dos estudantes de medicina veterinária são mulheres e que estas são de duas a três vezes mais propensas a ter distúrbios de humor. Desta forma pode-se considerar que a alta taxa de depressão e ansiedade entre veterinárias tem a primeira característica ligada ao género e não à profissão.
Porém, não podemos parar por aí, pois diversas outras profissões possuem o género feminino como principal porcentagem e não têm a taxa de transtornos psicológicos tão alta.
Vamos, então, prosseguir destrinchando as principais causas relatadas pelos veterinários (as) desta pesquisa:
1- Aspetos da auto-estima – Desvalorização da profissão: uma das questões mais votadas nesta pesquisa foi a falta de consideração dos tutores com as (os) veterinárias (os), além de falta de comprometimento com o tratamento.
2 – Aspetos relacionais – Falta de tratamento saudável entre colegas da profissão: muitos relatos mostram que entre a própria classe de veterinários já ocorrem a desvalorização do conhecimento e da importância do profissional. Segundo o estudo muitos dos veterinários sentem falta de uma rede de apoio entre colegas e se sentem julgados e criticados no ambiente de trabalho.
3 – Aspetos profissionais – Muitas das narrativas dos veterinários apontam que a carga horária, o ambiente de trabalho e a remuneração são fatores decisivos para o descontentamento.
4- Aspetos psicológicos – outra questão muito importante quando avaliamos o desgaste emocional desta profissão é a personalidade do próprio veterinário e o amparo que recebeu / recebe de instituições formadoras.
Após o registo de relatos marcados pela tristeza e deceção, devemos pensar qual o papel de cada um de nós no bem-estar do outro e de nós mesmos, por isso vamos tecer uma série de atitudes positivas que podem ajudar ao médico veterinário ter uma vida mais leve e feliz.
1 – Quer sejamos profissionais da área ou apenas tutores de animais, devemos respeitar os veterinários na sua função. Não desqualifique o conhecimento nem o valor deste, foram muitos anos de estudo e dedicação para cuidar dos animais por isso não desvalorize o trabalho realizado, dizendo que é caro ou pedindo desconto. Valorize! Se não conseguir pagar, pergunte por opções de pagamento ou vá a lugares de tratamento popular, não peça consulta gratuita nem diga que “é só uma olhadinha”.
2 – Se você é dono de uma clínica, converse com seus veterinários, pergunte o que pode melhorar no ambiente de trabalho e o que faria com que eles trabalhassem mais satisfeitos.
3 – Se você é veterinário apoie os seus colegas! Ofereça ajuda, pergunte como estão, seja o motivador da mudança no ambiente de trabalho.
4 – Faça terapia. Todos os seres humanos têm questões e por isso precisam, em alguma fase da vida, do acompanhamento de um psicólogo. Não é vergonha alguma procurar ajuda, é um ato de coragem e amor próprio. Caso precise existem centros de atendimento social e alguns gratuitos basta pesquisar pela internet os que são mais próximos de você.
5 – Pense em organizar eventos e cursos mais baratos ou gratuitos, alguns palestrantes irão gostar de ajudar na causa de promover eventos de valor mais razoável aos veterinários.
6 – Não se automedique! Procure um profissional.
7 – Procure algo em que se confortar, pode ser a religião ou estudos sobre o luto e a morte. Mas não se desampare.
“A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana.”
8 – Estudante e professores peçam que o programa curricular contemplem disciplinas da psicologia para ajudá-los com os momentos de luto e pressão.
9 – Se puder, dê oportunidade aos recém-formados. Só com a prática podem aprender a ser bons veterinários.
*Texto e pesquisa elaborados por:
Formada em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)
Entusiasta e estudiosa dos assuntos referentes ao comportamento Canino e felino;
Gerente de Marketing da Agência Pet