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Um terço da população portuguesa sofre de dor crónica

A dor crónica afecta uma parcela considerável da população portuguesa, se se considerarem os resultados do primeiro estudo epidemiológico nacional sobre esta matéria. Cerca de 31% dos inquiridos admitiram sentir dor várias vezes por mês, nos últimos seis meses, com quase metade a definir a intensidade do problema como moderada ou forte. A frequência das queixas aumenta com a idade e é maior entre as mulheres.

Segundo o “Público”, os resultados do estudo, que abrangeu 5.095 indivíduos com mais de 18 anos, entrevistados via telefónica, vão ser apresentados hoje, no Fórum Dor das Ilhas Atlânticas, no Funchal.
Ao comparar as conclusões com as de um inquérito semelhante realizado na Europa há dois anos (e que não incluiu Portugal), o coordenador da investigação, José Castro Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) salienta que o país ocupa o 4º melhor lugar em termos de prevalência de dor crónica, a seguir à Espanha, Irlanda e Reino Unido. É, de salientar que a Noruega se encontra na pior posição.
Contudo, «a prevalência tende a aumentar, uma vez que o país está a ficar cada vez mais envelhecido», alertou o responsável.
Dirigido por um grupo de investigadores daquela faculdade e financiado por três laboratórios farmacêuticos, o estudo permite perceber que ainda há muito a fazer nesta área.
Os números falam por si. Um terço dos doentes considera que a sua dor não está a ser bem tratada ou controlada, sobretudo devido à ineficácia dos medicamentos, mas também devido à pouca importância que os médicos dão ao problema. Cerca de três quartos toma medicamentos com regularidade, mas menos de metade acredita que os fármacos são muito eficazes.
«Isto acontece ou porque não estão a tomar os medicamentos correctos, ou usam doses incorrectas ou porque não recorrem a outras terapêuticas», elucidou o especialista.
As consequências da dor crónica na qualidade de vida dos doentes não são negligenciáveis: quase metade dos inquiridos disse que interferia de forma moderada ou grave nas actividades domésticas e laborais, com 4% a atribuir a perda de emprego ao problema.
No que concerne às causas, e à semelhança do que se passa noutros países da Europa, os principais motivos de dor crónica são as patologias osteoarticulares, sobretudo as lombalgias que afligem mais de 40% dos inquiridos. A osteoporose é também uma causa frequente de dor, bem como os traumatismos, a artrite reumatóide e as cefaleias.
Em termos de regiões, é no litoral alentejano e numa parte da Beira Baixa que a dor crónica moderada ou forte apresenta uma prevalência superior, verificando-se o contrário no Ave, Entre Douro e Vouga, Baixo Vouga, Ribatejo e Alto Alentejo.
Em Portugal, encontram-se em funcionamento 53 unidades de dor crónica em hospitais públicos, mas apenas 19 são multidisciplinares. Neste sentido, o Programa Nacional de Controlo da Dor prevê a criação de uma rede de referenciação. «Não é possível ver toda a gente nas unidades de dor», considera Castro Lopes.

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