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Reino Unido: Mais de três milhões de animais usados em experiências laboratoriais

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O número de animais utilizados para experiências científicas em laboratórios britânicos ultrapassou os 3 milhões, um valor que só foi superado no início da década de 70.

De acordo com os dados do Home Office, todos os procedimentos realizados em Inglaterra, no País de Gales e na Escócia usaram um total de 3.1 milhões de animais no ano passado.
Segundo a “BBC News”, o crescimento anual de 6% alimenta esta tendência crescente, que se deve sobretudo à utilização de roedores em experiências genéticas e que constituem mais de 80% do total de animais usados em laboratórios. Os restantes animais a que se recorre são peixes, aves, répteis e anfíbios.
Os cães, gatos, cavalos e primatas encontram-se protegidos pela Animals (Scientific Procedures) Act 1986, representando menos de 1% em todos os procedimentos realizados.
A maioria das experiências laboratoriais visa a investigação, o desenvolvimento de medicamentos e testes de segurança que, segundo defendem os cientistas, os animais são necessários para efectuar estes trabalhos se a sociedade desejar que existam tratamentos mais eficazes para doenças debilitantes.
O número de animais usados em experiências laboratoriais atingiu o auge na década de 70 com mais de 5 milhões de procedimentos a serem realizados anualmente. As estatísticas abrandaram rapidamente durante os anos 80 e 90 mas tornaram a subir no início deste século.
Cerca de 3.2 milhões procedimentos científicos foram efectuados em 2007, um aumento que ronda os 189.500 (6%) em relação ao ano homólogo anterior. O uso de animais modificados geneticamente, sobretudo ratos, mais do que quadruplicou desde 1995.
Ao adicionar ou eliminar genes em animais, os cientistas são capazes de compreender melhor as imperfeições moleculares nos humanos que influenciam o desenvolvimento de doenças. Apesar de utilizados em menor número em ratos, os peixes estão a tornar-se bastante populares nesta área. O peixe zebra, em particular, respira rapidamente e, o facto de ser translúcido, facilita a descoberta de eventuais alterações genéticas.
No que concerne ao estudo envolvendo primatas, o número de procedimentos desceu 6% em comparação com 2006.
«O crescimento na indústria [farmacêutica] irá criar pressão que pode conduzir a um aumento daqueles números. Ao mesmo tempo devo salientar que é efectuado um trabalho considerável para tentar minimizar as implicações nos primatas», comentou o professor de Neurociências Clínicas, Paul Matthews, do Imperial College, em entrevista à “BBC”.
Os grupos de defesa animal há muito que frisam que o número de experiências, apesar de mais pequeno do que antes, continua a ser muito elevado e alertam para o facto de serem fornecidas informações enganosas ou inúteis em relação a muitos procedimentos científicos, devendo os cientistas dar melhor uso a alternativas válidas.
«Os cientistas e o governo declaram repetidamente que os animais são apenas usados quando é absolutamente necessário», afirmou o cientista sénior da RSPCA, Barney Reed. «Mas com os números a crescer novamente o público irá questionar estas declarações», acrescentou.
Tendo em conta que têm sido registados avanços no uso de modelos computadorizados, culturas com recurso a tecidos e outras alternativas.
«Realizamos um trabalho a nível da investigação de cultura de tecidos (…) mas apenas nos animais somos capazes de compreender as respostas que iremos obter através da manipulação que fazemos, seja a nível do sistema imunitário, do sistema nervoso, de mecanismos psicológicos – o fígado, o sangue e tudo o resto», explicou o professor Roger Morris, reitor da School of Biological Sciences, no Kings College, em Londres.
«Os avanços de métodos de análise sem recurso a animais continuam a ser feitos, mas actualmente o uso de animais autorizados continua a ser essencial para a evolução das tecnologias ligadas aos cuidados de saúde. O Reino Unido continua a manter uma grande base científica, e elevados padrões de bem-estar animal, em linha com os requerimentos da Acta de 1986», assegurou Meg Hillier, da Home Office.

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