Diariamente, 622 mulheres recorrem, em média, a este método contraceptivo, após terem tido relações sexuais desprotegidas ou quando o contraceptivo normal falhou.
Na realidade, após a entrada em vigor da lei que autoriza a realização do aborto até às dez semanas (final de 2007), a venda de pílulas do dia seguinte registou uma descida histórica. Contudo, este ano voltou-se a atingir valores idênticos aos registados antes da mudança legislativa, apresentando uma tendência de subida anual.
Ainda assim, segundo dados da Associação Nacional das Farmácias para o primeiro semestre deste ano, aquela descida não deverá repetir-se. Também números do INFARMED sugerem um aumento de 48% das vendas nestes espaços, que podem vender medicamentos desde 2005.
Para o director da Associação de Planeamento Familiar, Duarte Vilar, «é normal [esta] subida do consumo de 5%» que se explica pela entrada recente do produto no mercado português, que vive ainda o efeito novidade, considerando que «demorará alguns anos a estabilizar».
Quanto à relação entre a venda da contracepção de emergência e a despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez, o responsável acredita que ainda é cedo para tirar conclusões.
«Precisamos de mais dados e de mais tempo para avaliar o efeito», ainda que acredite que, numa situação de risco, a maioria das mulheres «irá sempre preferir tomar a pílula do dia seguinte, em vez de esperar para ver». A excepção estará nos casos em que há «uma posição ambígua sobre a gravidez», com a mulher a não estar certa sobre se quer ou não ser mãe.
Motivo está na falha do contraceptivo em 59% dos casos
A maioria das mulheres que compra a pílula do dia seguinte tem, em média, 26 anos, sendo que o motivo para recorrer à contracepção de emergência está no facto de o contraceptivo usado ter falhado (59% dos casos).
Ainda assim, quase quatro em cada dez teve uma relação sexual desprotegida e só cerca de 7% tem menos de 18 anos. A região de Lisboa passou para a frente no consumo deste produto (34%). Em 2005, Algarve e Açores lideravam.
Os dados são de um inquérito que envolveu 2.018 compradoras, realizado entre Maio e Agosto de 2006 pelo Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia (CEFAR), da Associação Nacional das Farmácias.
Recurso a contraceptivos de emergência aumenta cinco vezes mais em relação a 2007
Na primeira metade deste ano, foram vendidas nas farmácias portuguesas 106.400 embalagens de pílulas do dia seguinte e 5.284 embalagens nos estabelecimentos de venda livre, tendo sido comercializadas mais cinco mil relativamente ao período homólogo do ano anterior, noticiou o “Correio da Manhã”.