Quem teve oportunidade de marcar presença no Congresso Montenegro, que decorreu no fim-de-semana de 20 e 21 de fevereiro no Europarque, em Santa Maria da Feira, verificou como a profissão está a ficar cada vez mais jovem. Foram muitos os jovens estudantes que demonstraram interesse pelas palestras, que este ano se centraram na temática da oncologia em pequenos animais.
Para Luís Montenegro, mentor do evento, a afluência dos jovens é um reflexo da realidade da profissão. “É bom não esquecer que há 20 anos formávamos 30 veterinários por ano. Atualmente estamos a formar 300. É uma classe é muito jovem e ainda há outro fenómeno a registar: a maioria é do sexo feminino. É um curso que ainda exige uma nota elevada e elas conseguem melhores notas. No futuro vamos ver mais alunas e mais médicas veterinárias. Mas a principal razão para termos tantos jovens é porque somos uma classe jovem”.
Durante a sessão de abertura do Congresso, que decorreu no sábado, o recém-eleito bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários marcou presença e aproveitou a ocasião para dirigir algumas palavras aos mais jovens. Jorge Cid referiu que a elevada presença de jovens na plateia é um reflexo de que “a profissão está viva e há muitos jovens a querer enveredar pela profissão”. Ainda assim mostrou alguma preocupação pelas pessoas que querem seguir a clínica de pequenos animais, pelo excesso de profissionais na área: “a especialização poderá ser uma saída”.
Jorge Cid aproveitou a ocasião para referir que a OMV quer realizar um estudo nacional, em parceria com as faculdades do país, para analisar as verdadeiras necessidades do país em matéria de médicos veterinários. “O ensino tem de se virar para as necessidades do país”. No futuro, a OMV quer ainda realizar um estudo sobre as condições de trabalho, e subemprego, na profissão. “Apelo aos colegas mais novos que não enveredem pelo mais fácil, mas que tenham uma postura de ética e dedicação. Não entrem na guerra dos preços, tentem ser cada vez melhores e olhem para a Ordem como um parceiro”.
A sessão de abertura contou ainda com as presenças de Álvaro Mendonça, Diretor Geral de Alimentação e Veterinária, H. Renee Papendrecht, em representação da WSAVA, Felisbina Queiroga, em representação do Reitor da UTAD, Fernando Ferreira, da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias, Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e Miguel Miranda, em representação da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino.
Aposta no convívio e numa sala interativa
Uma das novidades da edição deste ano passou pela aposta numa sala interativa, onde através de uma aplicação ativada por um QR Code os palestrantes podiam participar mais ativamente nas palestras.
“É difícil, pela cultura portuguesa, que as pessoas em plateia se exponham com a sua opinião. Desta forma, ao ser uma exposição que não é personalizada, mas que está aglomerada numa informação, o orador consegue perceber onde as pessoas estão a mostrar mais dúvidas. E as pessoas sentiram-se a participar, como intervenientes na situação. Isso foi importante”, referiu Luís Montenegro à Veterinária Atual.
Para o médico veterinário, o próprio modelo de ter vários oradores a apresentar uma única palestra foi uma novidade bem conseguida. “Atualmente o conceito de expor a informação é diferente. Ensaiamos ontem com a nossa própria equipa e fizemos uma apresentação mais atrativa, com várias pessoas em palco. Como são mais entendidas em determinadas matérias, ao ser aquela pessoa a explicar o caso, acaba por ter uma profundidade e uma naturalidade que a torna diferente”.
Para Luís Montenegro, além das palestras, um congresso tem de incluir outros motivos de interesse, daí que a organização tenha apostado num conteúdo lúdico. “Estes momentos levam a que as pessoas saiam do congresso com outro espirito. Passamos o dia a falar de patologias e de oncologia, logo é necessário incluir momentos lúdicos, como o jantar do congresso, que este ano foi aberto a todos os participantes que demonstraram vontade em marcar presença”.
Sobre o tema da oncologia, Luís Montenegro defende que os médicos veterinários têm um papel especial na sociedade, no sentido de explicar a doença aos donos dos animais. “No passado, a oncologia significava uma nuvem negra, sem solução, e atualmente não é assim. Quando a patologia é bem abordada, e quando as pessoas estão devidamente sensibilizadas para ajudar no diagnóstico precoce, as doenças oncológicas têm tratamento ou controlo, não são o fim. Esse é um dos objetivos – sensibilizar os veterinários, que sensibilizam os seus clientes, que vão ficar mais preparados para encarar a doença de outra forma”.
Na edição de março da Veterinária Atual leia a reportagem do evento na íntegra, com a visão dos veterinários e das empresas presentes no evento.