“Os animais estão a conquistar respeito por parte da nossa sociedade”. É este o ponto de partida de um artigo de opinião assinado por Luís Montenegro, diretor clínico do Hospital Veterinário Montenegro, no jornal Público. O médico veterinário defende que os animais de companhia são “importantes para o nosso equilíbrio pessoal e para o bem-estar da sociedade” e impedem que “nos tornemos em máquinas autónomas e egoístas com o resto do mundo não humano”.
De acordo com Luís Montenegro, os benefícios do contacto com animais de companhia são muitos e a adoção de um animal “não deve ser um ato instintivo ou impulsivo”. “Tal decisão exige uma série de responsabilidades, como sejam: tempo, despesas e um projeto para cerca de 15 anos, difícil de reverter.”
O médico veterinário refere ainda que o reconhecimento dado pela sociedade aos animais de companhia “é positivo”, porque “a forma como tratamos os nossos animais, espelha sem dúvida um nível sociocultural em ascensão”.
Sobre a medicina veterinária, Luís Montenegro refere que “desenvolveu-se muito nas últimas décadas em Portugal, sendo na atualidade tão eficaz que quase pode oferecer as mesmas soluções médicas que a própria medicina humana, com a diferença que é suportada em exclusivo pelos proprietários dos animais e taxada a 23% de IVA. Esta discrepância faz com que tenha de ser mais comedida nos protocolos de diagnóstico e tratamento oferecidos, para que os preços sejam sustentáveis para a sociedade.”
Luís Montenegro explica ainda que a medida de dedução de 15% do IVA nas despesas médico-veterinárias é de congratular, no entanto, “é pouco” e “tendo em conta que todas as organizações mundiais relacionadas com a saúde advogam que a saúde é uma só e que só dessa forma poderemos ter resultados eficientes – como é exemplo disso o uso de antibióticos de forma responsável, o combate a doenças zoonóticas, ou o controlo de pragas – acho que, no futuro e à semelhança de todos os outros agentes da saúde, o ato médico veterinário necessita de estar isento de taxa de IVA”.