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«Limitar cursos que pouca mais-valia aduzem para a classe»

«Limitar cursos que pouca mais-valia aduzem para a classe»

Entrevista a Carlos Octávio Varelas, candidato a bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Lista B.

– Como surgiu o desafio de se candidatar a bastonário da OMV?
– Esta é já a 3ª vez (2002 e 2004) que esta equipa, com as compreensíveis adaptações, se candidata. Esta candidatura é uma referência Histórica no desejo de mudança.
É um orgulho e um desafio conseguir em condições adversas estar presente em três actos eleitorais desta importância na vida dos Médicos Veterinários (MV) Portugueses, com uma elevada prestação ao nível do debate, propostas mobilizadoras e sentir da parte dos pares esse respeito.
 Abracei sempre um projecto de inovação e, ao mesmo tempo, nunca criei rupturas com qualquer deles, mesmo quando havia atitudes menos claras. Fui sempre solidário, apesar  das dificuldades que iam sentindo.
Trouxemos nesses actos eleitorais muita gente nova que hoje não deixa o seu crédito por mãos alheias, gente boa e com vontade de partilhar, dar o seu saber e o seu esforço.
As oportunidades emergentes e a liquidação de competências dos veterinários enquanto técnicos, mesmo de instituições especializadas, exigem a nossa intervenção.
A candidatura responde ao sentimento colectivo de que as coisas não estão bem, e que para reagir ao estado actual temos o recurso mais valioso, que são os MV Portugueses.

– Há um problema crescente de excesso de médicos veterinários em  Portugal. Que medidas propõe para resolver esta questão?
– Tendo em conta as naturais limitações do mercado de trabalho, propomos, para além do forte empenho em explorar as inúmeras áreas que podem integrar MV, sensibilizar a tutela para as vantagens da limitação do número de alunos e até do número de escolas que leccionam cursos de Medicina Veterinária.
Intentaremos também, através dos órgãos próprios ministeriais, limitar ou mesmo extinguir os Cursos de Medicina Veterinária privados ou públicos, que pouca mais-valia aduzem para a classe e contribuem enormemente para esta grave situação de desemprego e/ou sub-emprego. Vivemos numa venda de sonhos aos jovens; quem vem para a Universidade não tendo tido informação substancial de como se vive no ambiente de trabalho.
Até aqui falámos da entrada na primeira formação, mas temos de discutir com premência absoluta os que já cá estão, e a passar mal. Uma Ordem jovem trata bem os jovens, promove uma cadeia de valores que vai dos estágios curriculares até aos estágios profissionais, ao enquadramento ético no primeiro emprego, ao orgulho de pertencer a uma classe como membro de plenos direitos, trazendo a auto-estima individual ao encontro do desejo colectivo.
É urgente que a Ordem discuta junto das Universidades a situação daqueles profissionais que ficam fora do processo de Bolonha, tratado que em termos curriculares gerou um desequilíbrio que penaliza, e muito, esses colegas.

 

– E a criação de um exame de admissão à Ordem pode servir de travão a esta situação de excesso de profissionais?
– Para além da subjectividade inerente a exames técnicos e psicotécnicos de admissão, não se nos afigura legítimo considerar como inaptos alunos diplomados por escolas devidamente autorizadas.
Estas Universidades sim, devem ser avaliadas pelas entidades acreditadas, e tornados públicos esses relatórios para que, quando se escolher, se estar consentidamente informado. A Ordem será um veículo dessa informação, que contribuirá para um melhor esclarecimento.

– A propósito das diferentes saídas profissionais, há ainda a questão dos Colégios de Especialidades. Quais as propostas que defende nesta matéria?
– Implementar de imediato os colégios previstos, que já levam anos e anos de discussão e, posteriormente, criar outros, dada a extrema importância que estas medidas aduzem para a valorização da Classe.
Também a partir destes Colégios de Especialidades, dotar a Ordem de um conjunto de opinion makers junto dos media fazendo o acompanhamento a crises sanitárias e a todos os potenciais indícios de perturbação nos mercados da produção ao consumo, ao bem-estar dos animais ou situações que envolvam a Medicina Veterinária.

– Em suma, quais são as principais directrizes do programa eleitoral da lista?

– Motivação do diálogo inter e intra-geracional, prestígio, união e imagem social da profissão são valores que nos acompanham. Assim como o compromisso com as respostas aos problemas concretos dos MV.
Linhas gerais da candidatura, mantendo a visibilidade entre a Classe, as forças políticas e sociais, o poder central e local e outras associações.
O nosso sentido é trazer algo de novo e mobilizador. Nestes anos pouco ou nada se criou, o património não cresceu e as quotas ficam por cobrar ou pagar. As confusões criadas, demonstram que ainda podemos evoluir, com diálogo e respeito trazendo o MV à sua casa.
Também no âmbito da campanha, Animais + Humanos = Uma Só Saúde, satisfazendo os detentores de animais que assim procurarão mais e melhores cuidados, iremos exigir que o IVA seja 0%.

 

Site em www.omvlistab.blogspot.com.

Perfil -Carlos Octávio Varelas

 

Licenciado na ESMV, em 1985, e com uma pós-graduação em Bioética e Ciências da Vida, pela Universidade Nova de Lisboa, Carlos Varelas é Médico Veterinário Municipal, na Câmara Municipal de Arraiolos.
Mestre ainda em gestão de Recursos Biológicos , pela Universidade de Évora, o candidato a bastonário trabalhou em Cooperativas do Sector do Leite no Alentejo, foi consultor da Danone Portugal e trabalhou como Marketig-Sales na Indústria Farmaceûtica, além de ter sido coordenador de ADS/OPP.
Actualmente faz ainda clínica de grandes e pequenos animais.

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