– Como surgiu o desafio de se candidatar a bastonária da OMV?
– O desafio surgiu através do contacto de vários colegas que, por sentirem a necessidade de uma Ordem com um novo rumo e uma liderança forte e dinâmica, fosse capaz de inverter o sentimento profundo do desânimo da classe que não se revê nesta, nem vê reconhecida pelo poder político, pela sociedade e pelo mercado de trabalho, o seu real valor. Identifiquei-me com esse sentir. Candidato-me ao lugar de bastonária por saber que é urgente e fundamental a mudança, a defesa dos interesses e do prestígio dos médicos veterinários (MV).
Acredito que só conseguirá propor medidas para a resolução dos sérios problemas que a classe actualmente enfrenta e concretizar essas acções pela dignificação da classe médico-veterinária, um líder e uma equipa com energia, dinamismo, criatividade, qualidade e rigor que, com elevada capacidade de trabalho saibam concretizar as acções para um futuro melhor para a profissão.
– Há um problema crescente de excesso de médicos veterinários em Portugal. Que medidas propõe para resolver esta questão?
– Pretendo resolver esta questão desenvolvendo acções em duas vertentes estratégicas: Criar mais oportunidades de emprego e diversificar o mercado de trabalho; e Definir, com o poder político, o número máximo de vagas de acesso permitidas nas várias instituições do ensino da Medicina Veterinária em Portugal.
– E a criação de um exame de admissão à Ordem pode servir de travão a esta situação de excesso de profissionais?
– Não o conseguiu noutros cursos, por exemplo o Direito e as Engenharias. Não acredito que seja uma medida imediata eficaz ou fundamental.
– A propósito das diferentes saídas profissionais, há ainda a questão dos Colégios de Especialidades. Quais as propostas que defende nesta matéria?
– Defendo que a formação é um pilar essencial para o sucesso de qualquer profissional, sendo a decisão de formação uma opção de cada um.
Assim sendo, não tornaremos obrigatória a formação dos MV mas, antes sim, motivaremos e dinamizaremos a criação de um sistema de especialização voluntária ao longo da vida, que permita à Ordem distinguir a contínua progressão na carreira dos MV, que assim o decidam.
Propomos a organização e a regulamentação de um regime de qualificações para progressão da carreira semelhante a modelos já implementados noutros países da UE (a título de exemplo Royal College of Veterinary Surgeons, RVCS – Reino Unido), criando colégios de especialização que possibilitem a organização, num regime de atribuição de diplomas e certificados. Iremos criar, para além dos colégios generalistas das áreas de actuação veterinária (a título de exemplo, e entre outros, Medicina Interna de Animais de Companhia, Cirurgia de Animais de Companhia, Medicina de Ruminantes, Medicina Suína, Medicina Equina), áreas de especialidade mais específicas (a título de exemplo, e entre outros, Anestesia, Cardiologia, Dermatologia, Imagiologia, Neurologia, Oftalmologia, Ortopedia).
– Quais as principias directrizes no programa eleitoral?
– A nossa proposta de programa fundamenta-se na necessária e urgente recuperação do prestígio dos MV e na valorização do seu importante papel para a economia do País e para o bem da sociedade, em geral. O programa é desenvolvido em políticas horizontais e sectoriais.
As políticas horizontais, vão desde o reconhecimento do médico veterinário como profissional do “Cluster da saúde”, à adaptação dos estatutos e do código deontológico, à realidade da sociedade actual, à formação e qualificação dos MV, à criação de comissões consultivas, à formação e qualificação dos MV, ao papel no âmbito do medicamento veterinário, ao prestígio das ligações nacionais e internacionais, à visualização do papel do Médico Veterinário, à integração e apoio dos jovens veterinários. As políticas sectoriais incluem um conjunto de medidas estratificadas pelos pilares fundamentais do exercício da Medicina Veterinária, a saber: a Saúde animal, a Saúde humana, a Protecção e Bem – Estar animal.
No cumprimento do programa, como Bastonária, comprometo-me a ser independente e isenta, a ouvir todos e a trabalhar em equipa, a respeitar o passado, mas a ter coragem necessária para, em conjunto, criarmos um futuro melhor para os medico veterinários portugueses.
Precisamos de uma Ordem virada para o futuro e para o progresso, inserida nos ideais da profissão, que consiga sentir o sentir da classe, que saiba ouvir e se faça ouvir, que seja positiva e acredite no futuro. Nós, MV Portugueses, hoje merecemos mais, amanhã merecemos melhor!
Site em www.omv2009listaa.com .
Perfil – Laurentina Pedroso
Licenciada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, em 1985, Laurentina Pedroso é doutorada pela University of Newcastle Upon Tyne, Inglaterra, e possui equivalência ao grau de Doutor em Ciências Veterinárias, pela Universidade Técnica de Lisboa.
Actualmente directora e Professora Catedrática Convidada da Faculdade de Medicina Veterinária da ULHT, a candidata a bastonária é ainda directora executiva da Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes.
Do seu percurso académico constam ainda um pós-Doutoramento, em 1992, pela Faculty of Medicine, Iowa, nos EUA, e coordena, desde 2000, várias Pós-graduações e Mestrados em Segurança Alimentar e Saúde Pública.
A sua experiência profissional é marcada por mais de 15 anos na área da segurança alimentar, com especial interesse no Sector das Carnes, tendo sido directora da qualidade em empresas como a Fricarnes e a Sicasal, e secretária-geral da AFABRICAR.
Foi igualmente consultora em sistemas de pré-requisitos e de segurança alimentar – HACCP, entre outras, da Refrige Coca-Cola e do Holiday Inn Azores. É também, desde 2007, Presidente do Organismo de Normalização Sectorial das Carnes, e este ano recebeu, no Texas, o Prémio “International Leadership Award”, atribuído pela International Association for Food Protection.