Um recente estudo analisou mais de 80 anos de investigação científica para compreender, em detalhe, a forma como a Leishmania afeta o sistema cardiovascular dos cães, tendo concluído que a doença tem um impacto silencioso no coração e nos vasos sanguíneos destes animais.
A revisão científica, que abrangeu artigos publicados entre 1940 e 2024, verificou que a maioria das lesões cardíacas ocorrem em cães sem sintomas cardiovasculares aparentes, dificultando a deteção precoce. As alterações cardíacas são identificadas através de análises eletrofisiológicas, ecocardiografias, histopatológicas, imunohistoquímicas e de biomarcadores específicos.
A Leishmania infantum é a espécie mais associada a estas condições, com uma maior incidência em cães com mais de seis meses. Além disso, foram documentados vários casos de miocardite com infiltrados inflamatórios, sublinhando a gravidade desta doença no sistema cardiovascular dos animais afetados, revelou a análise.
O estudo sublinhou ainda a necessidade urgente de incluir avaliações cardiovasculares de rotina em cães diagnosticados com leishmaniose visceral, especialmente em regiões com uma elevada incidência da doença.
“Estas avaliações vão permitir um diagnóstico mais exato, bem como uma intervenção precoce e eficaz”, enfatizam os investigadores, avançando que os veterinários são também aconselhados a efetuar exames cardiovasculares regulares, a monitorizar biomarcadores cardíacos específicos e a implementar uma vigilância epidemiológica rigorosa para identificar padrões espaciais e temporais desta patologia.
“A integração de avaliações cardíacas nos protocolos veterinários não só melhorará a deteção precoce destas complicações, como também vai otimizar a gestão desta doença complexa e de grande impacto na saúde animal. Assim, os veterinários devem manter-se informados e aplicar este conhecimento na prática clínica, pois é essencial para proteger a saúde cardiovascular dos pacientes caninos”, sublinham os cientistas.