“Guidelines para uma consulta de dermatologia veterinária” é um dos temas que vai estar em análise no próximo dia 24 de maio, durante o Vet Summit. Segundo Carolina Mesquita, médica veterinária responsável pela PeloVet – Dermatologia, estas diretrizes que ajudam a abordar corretamente os casos que surgem na prática clínica são “as mesmas há vários anos, sendo importante aplicá-las à realidade atual. Hoje em dia, os médicos veterinários têm à sua disposição uma variedade tão vasta de métodos de diagnóstico e tratamentos que nem sempre é fácil interpretá-los e utilizá-los corretamente”, diz-nos.
Para a médica veterinária, as guidelines são fundamentais e cada profissional “deve ter o seu próprio método de trabalho. No entanto, em dermatologia há certas regras que são básicas e que todos acabamos por ter de seguir para conseguir êxito no resultado”.
Uma vez que a pele é um órgão influenciado por variados fatores, se o paciente não for abordado de forma metódica e sistemática “é muito fácil perder o norte e chegar a um ponto em que não se sabe o que se está a tratar”.
Ana Mafalda Lourenço, responsável pelo serviço de Dermatologia e Alergologia da FMVUL, destaca uma novidade a respeito deste tema: “a recente publicação e disponibilização gratuita de guidelines para o diagnóstico e terapêutica das infeções bacterianas superficiais no cão, uma mais-valia prática considerável que pode resultar numa melhor utilização dos antibióticos, com benefícios ao nível da prevenção de resistências, e do melhor maneio destes casos, tão frequentes”.
A Dermatologia Veterinária é uma especialidade complexa no sentido em que podem surgir muitas dúvidas na prática clínica diária. “As manifestações e lesões cutâneas podem ser bastante inespecíficas e as patologias, muito pelo seu caracter crónico, são difíceis de gerir”, afirma Diana Ferreira, que fez residência em Dermatologia Veterinária na Fundaciò Hospital Clinic Veterinari, da Universidad Autonoma de Barcelona. Para que as dúvidas sejam menores e os problemas dermatológicos sejam mais facilmente resolvidos, a médica veterinária sugere “a adoção de enfoques metódicos e protocolares aos casos. É necessário ensinar como trabalhar um caso a partir de uma lesão, como enfocar desde o início ao fim um determinado problema dermatológico. Assume uma importância extrema a correta interpretação das lesões dermatológicas e saber obter as respetivas respostas. Também é importante saber que diferenciais considerar tendo em conta os quadros dermatológicos e que ferramentas utilizar para chegar mais facilmente ao diagnóstico”, esclarece.
O facto de os casos em dermatologia serem frequentes e, em muitos casos, “perpetuarem-se no tempo” podem originar essas mesmas dúvidas. “A pele demora bastante a recuperar, o que faz com que “se não acertamos no tratamento à primeira, o problema se arraste meses ou anos. Logicamente isso provoca muita frustração nos veterinários e um autêntico desespero nos proprietários”, diz-nos Carolina Mesquita. A identificação correta e o maneio das causas primárias subjacentes a algumas manifestações clínicas mais frustrantes em dermatologia são alguns dos atuais problemas que Ana Mafalda Lourenço destaca, referindo-se por exemplo “às otites crónicas, aos granulomas acrais por lambedura, às pododermatites graves ou mesmo às infeções cutâneas em geral”.