Este é atualmente um dos grandes desafios da Dermatologia Veterinária. “Não só no que se refere a bactérias resistentes à meticilina, como o Staphylococcus Pseudintermedius, importante causa de piodermatites em cães, mas também de bactérias gram-negativas, como a pseudomonas aeruginosa, muito associada a otites externas. A emergência destas infeções tornou o tratamento, e abordagem às piodermatites e otites externas e médias, um importante desafio pela falta de opções terapêuticas ao dispor e com um risco elevado para o paciente”, explica Diana Ferreira, que fez residência em Dermatologia Veterinária na Fundaciò Hospital Clinic Veterinari, da Universidad Autonoma de Barcelona e é elegível a exame pelo Colégio Europeu de Dermatologia Veterinária.
E que alternativas se colocam, neste momento, à problemática resistência dos antibióticos? Desde logo maior informação e educação, como um pilar basilar no combate a este problema. “Do ponto de vista terapêutico em dermatologia, o recurso aos biocidas (desde a clorexidina, a substâncias como o mel de grau médico ou a polihexanida) são opções a que podemos recorrer na prática clínica para o maneio de infeções e que tiram peso ao uso dos antibióticos. Do ponto de vista do futuro, talvez se possa recorrer a imunoterapia específica para determinas estirpes bacterianas, a terapêuticas com peptídeos antibacterianos ou a fagos. Este é um tema que nos é muito querido e ao qual dedicamos alguma da nossa investigação clínica”, defende Ana Mafalda Lourenço.
E quando se fala em mais educação, deve referir-se também a informação disponibilizada aos proprietários “para que limitem o uso indiscriminado de antibióticos”, afirma Diana Ferreira. A médica veterinária, a trabalhar atualmente no hospital de referência Animal Health Trust e de forma independente em Portugal, em regime de freelancer, defende ainda a legislação clara para evitar estas situações, bem como o recurso a guidelines para o correto diagnóstico e respetivo tratamento destas infeções. “A utilização de antibióticos é crítica para o tratamento dos mais variados tipos de infeções bacterianas, mas a verdade é que há também cada vez mais opções que podem ser vistas como alternativas, como por exemplo as vacinas autógenas. Devemos ser críticos na hora de prescrever um antibiótico e devemos fazê-lo de forma responsável”, sublinha.
Preocupada com o futuro da resistência aos antibióticos, destaca os riscos de vida e de saúde pública. “Na minha opinião há três pontos essenciais na abordagem às infeções bacterianas que ajudarão a minimizar as resistências: (1) a causa subjacente deve ser identificada. Tratar a causa diminuirá a ocorrência de infeções secundárias; (2) devem ser realizadas culturas e testes de sensibilidade a antibióticos para que as bactérias sejam identificadas e possamos escolher de forma fundamentada o antibiótico a utilizar; (3) devemos usar, ao máximo, tratamentos tópicos. Estes representam uma alternativa de tratamento fiável e eficaz. Os banhos com champôs de clorhexidina (entre 2% a 4%) ou antibióticos tópicos constituem opções muito válidas”, acrescenta.