Uma equipa de especialistas europeus em cardiologia veterinária do AniCura Atlântico Hospital Veterinário tratou, com sucesso, mais um caso de estenose pulmonar num cão, esta que se trata de uma doença cardíaca congénita, que se caracteriza por uma malformação da válvula pulmonar, causando o seu estreitamento, provocando a obstrução do fluxo de sangue do ventrículo direito para a artéria pulmonar, anunciou a AniCura em comunicado.
De acordo com o documento, as patologias cardíacas congénitas são malformações no coração ou nos grandes vasos adjacentes, causadas por alterações em determinadas fases do desenvolvimento embrionário do coração, podendo provocar o aparecimento de sinais clínicos graves logo nos primeiros meses e anos de vida ou, dependendo da malformação, apenas na fase adulta.
A doenças cardíacas congénitas caninas mais comuns são a estenose pulmonar e aórtica, defeitos de septo interventricular e interatrial, ducto arterioso persistente, displasia valvular tricúspide e mitral.
Após ser detetado um sopro assintomático num cachorro Staffordshire Terrier, o recurso à ecografia permitiu detetar uma estenose pulmonar com uma pressão severa no ventrículo direito e com arritmias ventriculares devido a hipoxia e fibrose do miocárdio. “Para melhorar tempo e qualidade de vida futura, procedeu-se ao tratamento recomendado nestes casos, uma valvuloplastia de balão, realizada no AniCura Atlântico Hospital Veterinário”, refere João Neves, especialista europeu em Cardiologia Veterinária deste hospital.
A cirurgia foi bem-sucedida e sem registo de complicações e permitiu diminuir a doença de severa para ligeira, o que significa que “o paciente vai, à partida, ter uma vida normal”, acrescenta o especialista.
“Os casos mais severos de estenose pulmonar podem ser assintomáticos, mas, com a progressão da doença, os pacientes têm tendência para desmaios e intolerância ao exercício físico. Em casos já muito avançados, pode desenvolver-se uma acumulação de líquido no abdómen (ascite). Os casos severos têm, geralmente, um tempo de vida significativamente mais curto e em alguns casos pode haver morte súbita”, alerta Brigite Pedro, especialista europeia em Cardiologia Veterinária do AniCura Atlântico Hospital Veterinário.
O tratamento destes casos severos, e de alguns moderados, passa por dilatar a válvula por cateterismo cardíaco para aumentar qualidade e tempo de vida. A cirurgia por cateterismo cardíaco é uma cirurgia minimamente invasiva, já que não implica abrir o coração, mas a introdução de cateteres por uma veia do pescoço até ao coração. Um desses cateteres tem um balão vazio que é colocado ao nível da válvula pulmonar estreita e, ao ser inflado, permite dilatar a válvula, possibilitando a passagem do sangue mais facilmente. O cateter com o balão é removido do coração e a pele é fechada com entre 3 ou 4 pontos.
“Mesmo com as cirurgias em casos mais avançados e arriscados registamos uma taxa de complicações muito baixa e taxas de sucesso muito elevadas”. Por norma, também o pós-operatório em casa “é simples e decorre com bastante normalidade”, adianta João Neves.
A equipa de Brigite Pedro e de João Neves soma já diversas cirurgias deste âmbito no Reino Unido e, desde 2022, em Portugal, no Serviço de Cardiologia do AniCura Atlântico Hospital Veterinário, “a taxa de sucesso destas cirurgias é, atualmente, de 100%, sem qualquer registo de complicações maiores”.
Os sintomas variam em função da patologia, mas os sinais mais comuns são os sopros, um ruído anormal do sangue detetado na auscultação cardíaca que, em alguns casos, podem ser detetados pelo próprio tutor ao tocar no peito do seu animal.