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CAMV

“Continuamos a acreditar na Medicina Veterinária”

Hospital Veterinário do Oeste Veterinária Atual
No Hospital Veterinário do Oeste não há mãos a medir para o volume de trabalho. Num CAMV onde “todos os anos tentamos abrir novos serviços”, aquilo que Nuno Leal, Pedro Requicha e a equipa gostavam de fazer “era trabalhar apenas com os casos complicados”.

Pensavam que trocar a agitação de Lisboa pelo sossego da Lourinhã, em pleno Oeste, os iria fazer mudar de vida. Enganaram-se! “Estamos a 200 metros da praia, em linha reta, e este ano consegui apenas ir 40 minutos”, revela Pedro Requicha, diretor-clínico do Hospital Veterinário do Oeste.

Este abriu em 2008 pela mão de três sócios. “Trabalhávamos em Lisboa e não tínhamos vida. Entretanto surgiu a oportunidade de mudar para aqui”, relata Pedro Requicha. No entanto, a agitação não abrandou com a mudança para o Oeste, pelo contrário: “quando trabalhamos para nós, crescer e fazer algo de acordo com aquilo que acreditamos implica casarmos com isso. Neste caso, com o hospital”, salienta o diretor-clínico.

Atualmente, o Hospital Veterinário do Oeste está nas mãos de Nuno Leal e Pedro Requicha, colegas de curso e “amigos praticamente desde o primeiro dia de faculdade”, indica o diretor-clínico, acrescentando que “sempre tivemos a ideia de ter um espaço nosso onde pudéssemos trabalhar de acordo com a visão que temos para a Medicina Veterinária”.

Hospital Veterinário do Oeste - Veterinária Atual (2)

O trabalho, esse, é uma constante e “não temos mãos a medir”. Com uma equipa de dez elementos, sete médicos veterinários e três enfermeiras, o objetivo “é continuar a crescer e só vamos descansar quando chegarmos aos 25”, brinca o diretor-clínico. Mas não é de estranhar tal meta, dado que “o Nuno e eu nunca estamos satisfeitos: se hoje temos quinze consultas, amanhã queremos ter 30. Não conseguimos parar”, confessa Pedro Requicha.

O segredo de tal vivacidade e empenho? “Amamos o que fazemos”, responde. E mais: estes médicos veterinários e a sua equipa continuam a acreditar. “Aqui há uns tempos, um colega 20 anos mais velho felicitava-me pela aquisição do TAC, dizendo-me ‘ainda estão na fase em que acreditam na Veterinária, eu já não acredito’. De facto é isso mesmo, continuamos a creditar na Medicina Veterinária”.

Investir em equipamento e formação

A prova desta crença é o investimento que têm feito e que tencionam continuar a fazer: “investimos imenso em equipamento, ou seja, tudo o que sai em termos de nova tecnologia tentamos fazer o upgrade”. Isto porque, na opinião de Pedro Requicha, “hoje em dia não se faz medicina sem equipamentos”. Mas não é somente em equipamentos que se investe no Hospital Veterinário do Oeste. “Também investimos imenso na nossa formação e na da nossa equipa porque a Medicina Veterinária está em constante mutação”. Para o médico veterinário, presentemente “é impossível continuar a existir o clínico generalista de que se falava antigamente. Para trabalharmos mais a sério e profundamente, cada um de nós tem de ter determinadas valências”.

É em consequência desta filosofia, em que cada elemento deverá ter áreas de interesse distintas, que se complementam: “queremos fazer as cirurgias mais ‘agressivas’, mais TACs, ecos, etc., ou seja, tudo o que é mais invasivo, pois é aquilo de que gostamos. Esta é a nossa visão e é para isso que trabalhamos todos os dias e puxamos por esta malta nova que trabalha connosco”, revela Pedro Requicha. Assim sendo, especifica que “o nosso target não é fazer vacinas ou vender rações, isso é um complemento”. Apesar da consciência de que em Portugal poderá não haver condições para esta realidade, “utopicamente aquilo de que gostávamos mesmo era trabalhar apenas com os casos complicados”, revela.

Presentemente, o hospital tem cerca de 20 centros de atendimento médico veterinários (CAMVs) “que nos remetem casos”. Não obstante, segundo o médico veterinário “não interpretamos isto como trabalhar por referência”, explicando que “somos muito fiéis à nossa imagem e estamos muito seguros daquilo que fazemos. Se somos melhores do que os outros? Não. Investimos é muito em formação, em capacidade de crescer e equipamentos”. Por outras palavras: “tentamos fazer coisas que outros colegas até poderiam ter mais capacidade do que nós, mas como não têm possibilidade de investir, não têm oportunidade de o fazer”. Neste sentido, aponta a título de exemplo: “não é toda a gente que compra um TAC ou um microscópio como o do Nuno. Mas são instrumentos que nos permitem ir mais além”.

Juntos somos mais fortes

Num hospital com esta dimensão, um dos muitos desafios é a gestão dos recursos humanos. “Andamos sempre muito cansados porque trabalhamos muito, por isso conseguir a união entre as pessoas e que cada uma saiba o que tem de fazer é um desafio diário”, corrobora Pedro Requicha, acrescentando que “é algo que se treina”. Outro dos desafios passa por “puxarmos por nós, que somos mais ‘crescidos’, e puxar pela nossa equipa de modo a que todos, por um lado, possam progredir pessoalmente e, por outro, o hospital trabalhe cada vez melhor, pois o seu sucesso resulta do sucesso de todos. Juntos somos muito mais fortes do que isoladamente”, afirma.

Abrir novos serviços

Estes desafios parecem estar a ser superados, de tal forma que “as pessoas falam muito em crise, mas felizmente não sabemos o que isso é, dado que continuamos a crescer” e, melhor, “os nossos casos são cada vez mais complicados. Cada vez trabalhamos mais como gostamos e as cirurgias são mais difíceis, o que nos dá imenso prazer”.

Uma vez que não faz parte do feitio de Nuno Leal e Pedro Requicha parar, ou mesmo abrandar, “todos os anos tentamos abrir novos serviços que sejam complementares”, aponta o diretor-clínico, explicando que “há áreas onde nos dedicamos mais porque são mais interventivas e agressivas do ponto de vista técnico”. Assim sendo, atualmente, “apostamos na cirurgia de tecidos moles (interventiva), ortopedia, trauma, neuro, imagiologia, toda a parte de laboratório (desde microbiologia à citologia), oncologia e exóticos”, remata.

“90% das pessoas que trabalham connosco foram nossos estagiários”, revela Pedro Requicha, explicando que “só aceitamos um estagiário por ano porque queremos concentrar toda a equipa no trabalho dessa pessoa. Se temos muitas pessoas, acabam por se atropelar”. No que toca ao recrutamento, “como temos estagiários todos os anos, quando precisamos recrutamos um deles”. Não obstante, “não há muito oferta nesta zona. Costumamos mesmo comentar que a malta nova não tem por hábito sair do seu âmbito de conforto. E quando falamos com colegas daqui constatamos que há realmente dificuldades em contratar”. Daí Pedro Requicha acreditar que “o desemprego ainda não chegou a sério à Veterinária. Quando chegar vai ser um pouco diferente”. No que toca, especificamente, ao hospital, apesar da proximidade da Lourinhã a Lisboa, “não dá para morar na capital e trabalhar aqui. Ainda ontem estivemos a operar às três da manhã e tive de chamar gente porque precisava de mãos. Daí que uma das condições que colocamos, quando recrutamos, é a pessoa viver no máximo a 20 minutos”.

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