Ratos que detetam casos de tuberculose através do cheiro e cães que sentem o ‘odor a cancro’ já são uma realidade. De acordo com o website Mosaic – The Science of Life, existem animais a ser treinados para salvar a vida a humanos.
Em Morogoro, na Tanzânia, uma equipa de investigadores está a desenvolver um programa que tem como objetivo colocar ratos e outros animais a ‘snifar’ tuberculose, doença que afeta cerca de 9 milhões de pessoas todos os anos, um quarto só em África, continente onde a taxa de mortalidade devido à doença é mais elevada.
De acordo com a publicação, se não for tratada, a doença é altamente mortal, e na Tanzânia apenas 60% dos casos são detetados, taxa que desce para 20% se o paciente tiver HIV. É aí que entram os ratos.
Como conta o Mosaic, os ratos que estão a ser utilizados nesta experiência cheiram amostras de saliva de pessoas que se suspeita terem tuberculose e, apesar de não serem infalíveis, detetam até cerca de 70% dos casos, independentemente de terem HIV ou não.
Fidelis John, treinador responsável por treinar os ratos, explica que, por não ser uma espécie preparada para cooperar com humanos, é difícil treiná-los. “Não é fácil…mas é possível. Quando um rato não tem uma boa performance, a culpa é do treinador”, refere à publicação.
A maioria da comunidade médica mostra-se cética quando ouve falar deste programa, no entanto, quando veem os dados de deteção da doença mudam de ideia acerca das vantagens. É que estes ratos estão a salvar vidas.
Christophe Cox, CEO da Apopo, empresa por detrás do projeto, refere que a maioria da comunidade médica se mostra cética quando ouve falar deste programa, no entanto, quando veem os dados de deteção da doença mudam de ideia acerca das vantagens. É que estes ratos estão a salvar vidas.
E chegou a altura dos cães começarem a fazer o mesmo. Em 1989, pela primeira vez, dois dermatologistas contaram o caso de um cão de uma paciente que estava constantemente a cheirar um sinal que esta tinha na perna. A mulher procurou aconselhamento médico e os testes realizados demonstraram que tinha melanoma.
Em 2001, dois médicos britânicos reportaram o caso de um cão labrador que constantemente encostava o seu nariz à perna do dono, cheirando uma parte da sua pele que tinha sido diagnosticada com eczema. Depois de uma ida ao médico, o homem descobriu que afinal o eczema era um carcinoma.
Os animais podem ser mais rápidos e mais eficazes a detetar doenças do que algumas tecnologias
De acordo com muitos investigadores, que já começaram a utilizar animais em experiências para detetar doenças oncológicas em humanos, os animais podem ser mais rápidos e mais eficazes a detetar doenças do que algumas tecnologias.
Quais os melhores animais para detetar doenças?
Mas com esta premissa demonstrada, surgem agora na comunidade científica outras questões que importa responder. Afinal, que animais se podem usar para a deteção de doenças? Que animais responderão melhor aos métodos de treino? Que animais conseguirão os cientistas treinar mais rapidamente?
A empresa Medical Detection Dogs (MDD) é uma das pioneiras no treino de cães para detetar doenças através do cheiro com elevada precisão, nomeadamente para detetar baixos níveis de açúcar na corrente sanguínea numa pessoa com diabetes ou a presença de baixos níveis de proteínas de amendoim em alguém que é alérgico. Hoje, além desta empresa, são vários os investigadores que já conseguiram treinar cães para detetar doenças oncológicas: cancro da bexiga, cancro do colo-rectal, cancro dos ovários e cancro da próstata.
E apesar de ainda ninguém ter conseguido detetar o que é que os cães cheiram exatamente, a verdade é que estes animais parecem conseguir detetar padrões específicos de determinados cancros, o que pode representar um valioso benefício para o campo da oncologia.
