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Altruísmo em grupos de insectos sociais é assunto familiar

Altruísmo em grupos de insectos sociais é assunto familiar

Uma investigação conduzida pela Universidade de Leeds, publicada da última edição da revista “Science”, vem agora confirmar que os insectos colocam os interesses da colónia acima dos interesses pessoais, de forma a aumentar as hipóteses de passar os seus genes.

A investigação, liderada por Bill Hughes, da University’s Faculty of Biological Sciences, analisou a teoria da selecção do parentesco – um animal passa os seus genes aos seus familiares para ajudá-los a reproduzirem-se, uma vez que partilham genes comuns, ao invés de se reproduzir a si mesmo.
A teoria da selecção do parentesco, desenvolvida em 1964 pelo teórico evolucionário Bill Hamilton, foi inicialmente proposta por Charles Darwin, para explicar, por exemplo, porque é que os trabalhadores estéreis evoluíam dentro dos grupos de insectos sociais e por que motivo as abelhas sacrificavam a sua vida em defesa da colónia. Darwin reconheceu ser este um comportamento estranho à sua teoria da selecção natural, e a teoria de Hamilton considera que aquele comportamento altruísta existe porque continuam a ser preenchidos os requisitos de transmissão de genes, embora através dos familiares.
No entanto, em 2005, esta teoria foi posta em causa pelo fundador da sociobiologia E. O. Wilson. Para este, a familiaridade é relativamente baixa nalguns grupos sociais de insectos, sugerindo que a evolução derivada de um elevado comportamento social apenas existe pois os indivíduos desenvolvem-se melhor quando cooperam e não quando vivem solitariamente.
Assim sendo, Hughes e colegas da Universidade de Sydney e Sussex testaram estas duas teorias alternativas, examinando o nível de familiaridade entre as fêmeas de colónias de abelhas, vespas e formigas através de técnicas de impressão digital do DNA e de métodos estatísticos, para analisar os níveis de monogamia em insectos sociais ancestrais durante a sua evolução, recuando até 100 milhões de anos.
Em suma, se as fêmeas fossem monógamas, significaria que os membros da colónia se encontrariam altamente relacionados e, por conseguinte, a teoria de Hamilton estaria correcta. Se fossem polígamas, a familiaridade seria menor, logo o pensamento correcto seria o de Wilson.
Neste sentido, a investigação concluiu que em todos os grupos observados as fêmeas ancestrais se mostraram monogâmicas, providenciando a primeira evidência de que a teoria da selecção do parentesco é fundamental para a evolução dos insectos sociais.
«Descobrimos a primeira evidência conclusiva de que a teoria da selecção do parentesco explica a evolução de insectos sociais e que a hipótese lançada por Wilson está, muito provavelmente, errada», concluiu Hughes.

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