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Tailândia tenta conter surto de peste equina africana

Tailândia tenta conter surto de peste equina africana

A Tailândia está a tentar conter um surto viral de Peste Equina Africana (PEA), Pestis Equorum, tendo registado centenas de mortes de cavalos nas últimas três semanas. Os detentores de cavalos têm tentado protegê-los dos mosquitos que disseminam o vírus da peste equina.

O súbito reaparecimento do vírus no país surpreendeu as autoridades veterinárias, que estão a realizar vários testes para detetar o vírus, que é endémico apenas em África. Porém, vetores fora desta área, ou animais infetados, podem transportar o vírus para outras regiões.

 

Na Europa, por exemplo, o vírus foi erradicado em 1991, tendo sido aplicadas várias vacinas em Espanha e Portugal.

Na Ásia, o vírus não era identificado desde uma grande epidemia que terminou em 1961, e que se tinha propagado do Médio Oriente para partes da Índia.

 

Este é o primeiro grande surto da doença fora de África em 30 anos, o que criou alguma preocupação nos peritos, perante a possibilidade de se propagar aos países vizinhos do sudeste asiático.

“Um surto sustentado e persistente de [peste equina] que se propague a outros países seria devastador, não só para a indústria de corridas e animais de companhia, mas também para alguns dos trabalhadores mais pobres da região que dependem de cavalos de trabalho, burros e mulas”, diz Simon Carpenter, entomologista do Pirbright Laboratory, no Reino Unido, citado pela Science.

 

O vírus infeta cavalos, burros e zebras, e é normalmente transmitido por mosquitos Culicoides que vivem em climas quentes e tropicais. A PSA provoca doenças cardíacas e pulmonares graves que matam pelo menos 70% dos cavalos infetados, mas poupa as zebras e a maioria dos burros, que funcionam como reservatórios para o vírus, de acordo com Evan Sergeant, um epidemiologista do AusVet Animal Health Services, na Austrália.

As opções de tratamento limitam-se especialmente a cuidados paliativos, sendo, por vezes, recomendada a eutanásia devido ao sofrimento provocado pela doença.

 

A única vacina comercialmente disponível baseia-se numa versão enfraquecida do vírus, que por vezes induz sintomas ligeiros e pode chegar a espalhar-se a outros cavalos, e que, segundo Carpenter, erradicou com sucesso os surtos anteriores.

“Não é uma vacina ideal”, explica, “mas está longe de ser tão má como a própria doença”.

O surto na Tailândia pode ter começado no final de fevereiro, com a morte inexplicável de um cavalo de corrida no distrito de Pak Chong, perto de Banguecoque. No fim de março, mais de 40 cavalos foram subitamente declarados mortos, diz Nuttavadee Pamaroon, um veterinário do Departamento de Desenvolvimento Pecuário (DDP) da Tailândia.

A 10 de abril, na última atualização oficial, o DDP terá comunicado 192 mortes de cavalos em 37 explorações de corridas, desporto e equitação de lazer. Porém, uma fonte do DDP, que terá falado de forma anónima, referiu que a 14 de abril tinham sido declarados, apenas aos funcionários, um total de 302 mortes e que os números continuam a aumentar.

Segundo Pamaroon, as autoridades veterinárias estão a realizar testes e a vacinar cavalos isentos de doenças numa zona de 50 quilómetros do surto. Como a própria vacina pode criar surtos, cada cavalo vacinado deve ser mantido sob “redes individuais rigorosas”, afirma Siraya Chunekamari, uma veterinária que trabalha com o DDP.

As autoridades suspeitam que zebras importadas estejam na origem deste surto, tendo possivelmente beneficiado de lacunas de biossegurança.

Atualmente, estão a testar zebras e a desenvolver uma investigação no sentido de apurar a origem do surto.

A Tailândia terá agora de suspender as suas importações e exportações de espécies equinas, selvagens e domésticas.

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