A Suécia tem falta de médicos veterinários e, segundo a Associação Veterinária Sueca, a solução não é formar mais profissionais, mas, sim, resolver a precariedade do trabalho.
O alerta para a escassez de profissionais chegou através de um relatório recente do Serviço Sueco de Saúde Animal. A Associação Veterinária Sueca pronunciou-se e atribuiu o problema à precariedade do trabalho, denunciando que existem indicações claras nos inquéritos realizados, tanto na Suécia como no âmbito europeu, que mostram que uma grande parte dos veterinários opta por abandonar a profissão.
A este respeito, a precariedade é evidente em vários países da Europa. De acordo com a publicação Animal’s Health, em Espanha, os veterinários são os profissionais de saúde com vencimentos mais baixos, recebendo em média menos 1 600 euros do que os médicos e enfermeiros.
Na Suécia, os vencimentos são geralmente baixos, “apesar de o ensino veterinário ser longo e exigente”, e de os veterinários terem de continuar a sua formação ao longo da vida, explica a associação. O mesmo acontece com os médicos veterinários independentes, que também procuram uma situação de trabalho razoável e um rendimento que lhes permita viver.
Assim, os veterinários suecos salientam que exigir simplesmente mais postos de trabalho não é a solução, a menos que lhes sejam oferecidas melhores condições de trabalho.
“Muitos dos estudantes de hoje hesitam em optar por uma carreira em cuidados veterinários devido a más experiências durante o seu estágio de verão de finalistas”, explicam, citados pela publicação Animal’s Health.
“São necessários mais recursos para a educação veterinária, mas não são a solução para o problema”, refere a Associação Veterinária Sueca. Para a associação, é necessário que os empregadores e as autoridades se empenhem na resolução do problema, não sendo suficientes as iniciativas ocasionais que não conduzem a soluções construtivas. Além disso, destacam que também os profissionais que estão envolvidos na investigação enfrentam condições precárias, algo reiterado pela presidente da Sociedade Europeia de Dirofilariose, Elena Carretón, que denunciou, em declarações à Animal’s Health, a falta de recursos e de estabilidade sofrida pelos investigadores espanhóis.
“A investigação em Espanha é frustrante, não temos nem estabilidade nem recursos”, confessou a presidente.
Em Portugal, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, confirmou à VETERINÁRIA ATUAL no início deste ano a realização de um estudo, em colaboração com o ISCTE, sobre o estado da profissão veterinária no País. “Vai permitir dar um panorama real da nossa atividade e permite a futuros estudantes saberem o que os espera, e, no âmbito político, fazer alguma pressão já com dados na mão”, comentou o bastonário. Segundo Jorge Cid, a solução para resolver o problema da empregabilidade no setor deve passar pela melhoria de “nível dos médicos veterinários que saem das universidades e não [por] abrir universidades indiscriminadamente”. E acrescentou: “O País não absorve a longo prazo todos estes profissionais e quem vai perder é a própria classe. Muitas faculdades estão a formar profissionais que depois vão para o estrangeiro, sobretudo para Inglaterra. Se um dia tiverem de voltar, podemos ter problemas. Há um rácio recomendado de uma faculdade para cada dez milhões de habitantes e nós temos seis faculdades.”