A Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) divulgou no seu XII Congresso, realizado no dia 21 de novembro, um estudo sobre a profissão médico-veterinária em Portugal, que coloca em destaque as particularidades nacionais da demografia e empregabilidade.
Os dados de um estudo da Federação Europeia de Veterinários (FVE) sobre a evolução do número de médicos veterinários ativos por cada 100 mil habitantes mostram que houve um grande crescimento em Portugal, entre 2011 (22), 2015 (48) e 2018 (59). Este crescimento foi superior ao que aconteceu com a média europeia (36 e 44 em 2015 e 2018).
O estudo da FVE mostra ainda que, em 2018, Portugal foi o país europeu com a maior percentagem de médicos veterinários com idade inferior a 40 anos, com 61% contra a média europeia de 41%. No período em análise, observa-se ainda um aumento da percentagem de mulheres médicas veterinárias, de 62% em 2015 para perto de 65% em 2018, valor que se situa acima da média europeia de 58%.
Foram analisados os sete cursos médico-veterinários ativos em Portugal à altura da recolha de dados, sendo que “apenas um destes cursos está acreditado e outro está aprovado em fase de acreditação, pela European Association of Establishments for Veterinary Education (EAEVE)”. De acordo com a análise, “a maior parte dos médicos veterinários não realiza formação pós-graduação (por exemplo, doutoramento) após terminar a licenciatura/mestrado integrado”, avança a OMV.
A par disso, nota-se um “risco elevado” do número anual de recém-formados vir a “saturar brevemente o mercado de trabalho, exacerbando a situação de subemprego e a diminuição da qualidade dos serviços prestados”.
Quanto à empregabilidade dos membros ativos da OMV, a maioria encontrava-se, em 2018, integrada no setor privado como empregado (45%), seguido do setor privado como proprietário (22%). A percentagem de profissionais que integram o setor público é de 12%, enquanto 7% optaram pela investigação e indústria. A maior parte dos médicos veterinários em Portugal tem ocupação a tempo inteiro (90%), superior à média europeia que se situa nos 81%, concluiu o estudo.
O relatório aponta que o crescimento e o desenvolvimento profissional são os fatores que motivam a procura de outros mercados de trabalho. Aqui, o Reino Unido lidera os destinos com 24,9%, seguido de Espanha (20,7%), França (7,5%) e Estados Unidos (6,9%). “Estas respostas foram dadas por médicos veterinários que estiveram no estrangeiro por períodos relativamente curtos e que já regressaram a Portugal, sendo membros ativos da OMV”, esclarece.
Em termos da relação dos médicos veterinários com a profissão, o inquérito aponta índices elevados de satisfação com a profissão, com cerca de 74% a revelar satisfação com as condições gerais de trabalho e 66% com o horário de trabalho. Mais dividida é a noção de haver uma adequada conciliação entre a vida pessoal e profissional (aproximadamente 50%). No entanto, cerca de “30% daqueles que responderam ao inquérito não voltariam a enveredar pela profissão de médico veterinário”.
Relativamente à reputação da classe, mais de 65% dos inquiridos discorda ou discorda totalmente que a profissão seja socialmente prestigiada e reconhecida em Portugal. Em contraste, mais de 70% considera que a competência dos médicos veterinários portugueses é reconhecida lá fora.
Um outro resultado é a perceção que os inquiridos têm de que o público, de uma forma geral, não conhece a diversidade dos campos de atuação dos médicos veterinários.
No comunicado enviado às redações, a OMV afirma que, após discussão publica do estudo, “pretende avançar com propostas para resolver as questões mais prementes e urgentes, no sentido da defesa da atividade médico-veterinária, da garantia da qualidade dos serviços prestados e da elevação do prestígio e satisfação de todos os médicos veterinários”.