Direitos reservados As enteropatias crónicas felinas são uma condição comum em consulta veterinária, podendo tornar-se desafiadoras ao nível do diagnóstico. O tema foi debatido no Podcast da Veterinária Atual, pela mão de Doroteia Bota, médica veterinária e especialista em medicina interna de pequenos animais e Catarina Mendes, médica veterinária e technical advisor da Vetplus Portugal. A prevalência, as abordagens diagnósticas – e o papel da história clínica neste processo –, assim como as opções de tratamento disponíveis estiveram em destaque.
A diarreia no gato é um motivo de consulta frequente, que, muitas vezes, vem acompanhado de outros sinais, como vómito, perda de peso ou alterações de apetite. Em consulta de especialidade, Doroteia Bota recebe essencialmente os casos posteriores ao processo agudo das diarreias, depois das primeiras abordagens, numa fase em que já se assume a sua cronicidade. A diarreia crónica, definida como persistente por mais de três semanas, requer assim uma investigação cuidadosa, com base na história clínica, para determinar a origem: digestiva ou extra-digestiva.
“Como em qualquer caso que vem para consulta, há que recolher uma boa história clínica, perceber se o animal tem acesso ao exterior, qual o status de vacinação, assim como o ponto de situação do teste de FIV e FeLV. Temos de fazer a nossa lista de problemas associados ao animal para perceber em que direção ir”, denota a médica veterinária.
Doroteia Bota reforça ainda a importância de descartar as doenças infeciosas, nomeadamente parasitárias. “Por vezes esquecemo-nos, mas, mesmo os gatos que não têm acesso ao exterior, podem estar parasitados, seja porque o tutor traz os sapatos contaminados do exterior ou porque coabita com um cão”.
Além disso, doenças como a peritonite infeciosa felina, insuficiência pancreática exócrina e hipertiroidismo devem ser tidas em conta, sendo causas comuns de diarreia crónica.
Causas digestivas
Dentro das causas digestivas, as principais estão relacionadas com a alimentação – as designadas enteropatias com resposta à mudança alimentar – e com a doença inflamatória intestinal. A primeira abordagem consiste em mudar a dieta, para descartar intolerâncias ou alergias alimentares. Se a dieta não resolver, a enteropatia inflamatória intestinal (com resposta a imunossupressores) e o linfoma são possibilidades que devem ser investigadas.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico inicial começa com análises de sangue, focando na vitamina B12, que pode indicar problemas intestinais ou pancreáticos. A ecografia abdominal é crucial para visualizar possíveis alterações no intestino e outros órgãos, como o fígado e o pâncreas, que podem estar envolvidos. Por fim, a endoscopia, seguida de biópsias. Estes são os exames finais para diferenciar entre inflamação e linfoma, embora os resultados nem sempre sejam conclusivos.
Tratamento
Em termos de tratamento, a mudança alimentar é o primeiro passo. Dietas hidrolisadas são geralmente recomendadas e, se houver suspeita de disbiose, o transplante fecal pode ser uma opção. Em casos mais avançados, o uso de imunossupressores, como corticoides, é a próxima etapa, especialmente se houver uma doença inflamatória confirmada. No caso de linfoma, a quimioterapia pode ser necessária.
Também à conversa, Catarina Mendes, médica veterinária e technical advisor da Vetplus Portugal, anuncia o lançamento de um novo suplemento alimentar, o Sustain, desenvolvido especificamente para gatos. Este produto foi formulado para auxiliar no tratamento de casos relacionados à saúde gastrointestinal e ao fortalecimento do sistema imunitário dos felinos. “O Sustain destaca-se pela sua combinação inovadora de ingredientes, que inclui pré-bióticos, probióticos e pós-bióticos, essenciais para a manutenção de uma flora intestinal saudável. Além disso, contém uma quantidade significativa de vitamina B12, fundamental para corrigir deficiências comumente associadas a enteropatias crónicas”, denota a médica veterinária e technical advisor da Vetplus Portugal.
Ouça o podcast na íntegra aqui.
