O potássio é o eletrólito que mais constrangimentos pode causar à saúde felina. O equilíbrio dos seus valores nem sempre é fácil de alinhar, seja por excesso ou por carência. No 28º episódio do Podcast da Veterinária Atual exploramos as causas, os sintomas e o impacto do desequilíbrio de potássio na qualidade de vida dos gatos, assim como os protocolos de monitorização que devem ser adotados na clínica pelos médicos veterinários.
Na conversa, Maria João Dinis da Fonseca, médica veterinária e diretora clínica do Hospital do Gato, começa por referir as características do potássio e a forma como este é processado no organismo. “O eletrólito é adquirido através da alimentação e depois excretado maioritariamente pelo rim e minoritariamente pelo trato intestinal”, denota a profissional, acrescentando que este assume algumas particularidades que podem tornar o seu doseamento mais difícil de equilibrar na clínica. “98% do potássio que temos no nosso organismo, assim como nos gatos, está dentro das células e só 2% se encontra em circulação.”
O potássio assume diversas funções importantes e, por isso, as suas alterações, por excesso ou por carência, irão condicionar o bom funcionamento do organismo.
As hipercalemias (excesso de potássio) são consideradas “situações de urgência, normalmente associadas a doença renal obstrutiva, com a função urinária muito comprometida”, explica Maria João Dinis da Fonseca. Com alterações do músculo cardíaco, um órgão vital, o aumento do potássio pode assim colocar a vida do gato em risco, pelo que deve ser corrigido em tempo útil.
De acordo com a médica veterinária é muito fácil a transição de uma hipercalemia para uma hipocalemia, “rapidamente saltamos de um extremo para o outro, daí a importância monitorizarmos o potássio”, revela.
As hipocalemias, no entanto, assumem um quadro clínico diferente. Estão associadas a doença renal crónica, mas também a gatos com hipertiroidismo, entre outras condições. “A imagem de marca é a fraqueza muscular, no caso dos gatos, a típica ventroflexão do pescoço”, mas os sintomas nem sempre são fáceis de identificar, já que se estabelecem quando os níveis do potássio estão mais baixos. “Temos aqui uma janela em que os sinais clínicos não são tão evidentes, ou seja, ainda não se verifica esta fraqueza muscular, mas já temos compromisso da qualidade de vida do gato.”
Neste sentido, a diretora clínica do Hospital do Gato alerta para a importância da monitorização, com o doseamento do potássio, “essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos felinos”.
O podcast contou ainda com a participação de Catarina Mendes, médica veterinária e technical advisor da Vetplus Portugal, que mencionou o papel dos nutracêuticos e da suplementação no equilíbrio dos níveis deste eletrólito, particularmente na gestão da hipocalemia.
Ouça o podcast na íntegra aqui.