Quantcast
Animais de Companhia

Dermatite atópica: Transparência e sinalização precoce para melhorar a qualidade de vida

Direitos Reservados

Aproveitar o primeiro contacto com o tutor nas consultas veterinárias para o chamar a atenção dos sinais precoces da doença poderá ser a chave para uma atuação atempada. A dermatite atópica é uma condição prevalente e que assume um forte impacto na qualidade de vida do animal – e também do tutor – equiparada a outras doenças como, por exemplo, a diabetes.

Neste episódio do Podcast da Veterinária Atual, Ana Mafalda Lourenço, médica veterinária com atuação em dermatologia e docente da FMV-ULisboa, fala-nos sobre transparência no diagnóstico, parceria entre veterinário e tutor e a abordagem terapêutica mais adequada, que poderá ajudar a evitar o desenvolvimento da doença.

 

“Deveríamos falar dos sinais da doença quando se faz a primovacinação, da mesma forma que se fala de leishmaniose. No fundo, aproveitar o primeiro contacto em que o animal ainda está livre de doença para chamar a atenção do tutor para os sinais mais precoces.” Para a médica veterinária, que atua na área da dermatologia, a educação das pessoas é fundamental, particularmente para desmistificar alguns conceitos que consideram normal ou até associados a atos de higiene como, por exemplo, lamber as patas com frequência. Esta consciencialização torna-se ainda mais importante nos casos em que o tutor tem menos conhecimento, por ser o primeiro cão. “Esta é uma manifestação de prurido e desconforto e temos de traduzir isto, dada a prevalência e o impacto que a doença tem”, alerta Ana Mafalda Lourenço.

“Deveríamos falar dos sinais da doença quando se faz a primovacinação, da mesma forma que se fala de leishmaniose. No fundo, aproveitar o primeiro contacto em que o animal ainda está livre de doença para chamar a atenção do tutor para os sinais mais precoces.”

 

Dada a cronicidade, muitas vezes frequente, a que está associada a dermatite atópica, a médica veterinária realça o dever de transparência e honestidade do diagnóstico por parte do médico veterinário. É preciso gerir expectativas e confrontar com a possibilidade da “doença se tornar incurável, pelo menos na maior parte dos casos, visto que são poucos os que entram em remissão absoluta”.

Por não estarem associadas a um fator de urgência, as doenças do foro dermatológico acabam, por vezes, por não constituir uma prioridade. “Parece quase que qualidade de vida é um fator menor, tendo em conta que em veterinária salvar a vida tem um impacto muito maior”, denota a profissional, acrescentando também o caracter muitas vezes incurável destas condições têm impacto nesta conceção. “Infelizmente, na dermatologia, parece que nunca curamos ninguém. Não é aquela situação em que o animal que está doente depois passa a estar são – na sua maioria, mas claro que há doenças passíveis de serem curadas.”

 

Um estudo, realizado na perspetiva do tutor, mostrou que a dermatite atópica assume maior impacto na qualidade de vida, ao longo do tempo, do que a diabetes.

Contudo, sabe-se do impacto que doenças como a dermatite atópica, por exemplo, podem assumir na qualidade de vida do animal e daqueles que cuidam dele. Um estudo, realizado na perspetiva do tutor, mostrou que a dermatite atópica assume maior impacto na qualidade de vida, ao longo do tempo, do que a diabetes. “Inicia cedo na vida do animal e vai acompanhá-lo por toda a vida, trazendo também consequências psicológicas e económicas”, conclui.

 

Ouça o podcast na íntegra aqui.

Este site oferece conteúdo especializado. É profissional de saúde animal?