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Animais de Companhia

Cão mau ou apenas cão com comichão?

dermatite atópica

Os resultados de um estudo recente comprovaram uma ligação direta entre a gravidade da comichão em cães com dermatite atópica e determinados comportamentos problemáticos.

Os investigadores da Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Nottingham, em Leicestershire, Reino Unido, inspiraram-se em estudos de medicina humana que demonstraram uma ligação entre condições pruriginosas e o sofrimento psicológico, podendo resultar em problemas de saúde mental. Assim, colocaram a hipótese de a dermatite atópica canina (DA) poder ter um efeito semelhante nos cães e realizaram um estudo (Behavioural Differences in Dogs with Atopic Dermatitis Suggest Stress Could Be a Significant Problem Associated with Chronic Pruritus) para verificar se esses cães tinham comportamentos considerados problemáticos, e se tal poderia ser resultado do stresse psicológico provocado pela sua condição.

 

Para o Itchy Dog Project – estudo online criado para investigar as causas genéticas e ambientais da DA – foram recrutados detentores de raças puras de golden e labrador retrievers, que preencheram questionários sobre o comportamento do cão e a saúde da sua pele. Do total de participantes caninos (895), 343 tinham sido diagnosticados com DA e os restantes 552 cães saudáveis serviram como controlo. Os detentores dos animais de estimação não conheciam a hipótese do estudo aquando do preenchimento dos questionários.

A partir do estudo, os investigadores conseguiram identificar uma ligação direta entre a gravidade da comichão nos cães com dermatite atópica e comportamentos considerados problemáticos, como mastigação, hiperatividade, coprofagia, roubo de comida, procura de atenção, excitabilidade, entre outros. Os resultados não mostraram, contudo, uma associação entre prurido e comportamentos geralmente ansiosos, temerosos ou agressivos.

 

“O estudo mostrou claramente uma relação entre as ocorrências de comportamento problemático nos cães e a comichão crónica”, disse a investigadora chefe Naomi Harvey, através de um comunicado à imprensa citado pela publicação online DVM360.

Estes resultados são importantes para o bem-estar destes animais e para o seu tratamento, pois é necessário que os donos consigam identificar estes casos para compreenderem que, por vezes, o mau comportamento do seu cão pode estar relacionado com a comichão e não ser necessariamente culpa do cão.

 

“Isto pode ter um efeito de arrastamento e impactar a relação entre dono e cão, o que significa que é importante para os donos saberem que os problemas comportamentais do seu cão podem ser devidos à comichão, e não ao próprio cão”. Esta questão é da maior importância, uma vez que, tal como o estudo refere, “os problemas comportamentais são a principal razão dada para abandonar os animais aos abrigos”.

“O aumento dos encargos financeiros, devido ao tratamento desta condição crónica, e a redução da qualidade de vida relatada pelos donos de cães com DA em associação aos comportamentos problemáticos mostrados neste estudo por cães pruriginosos poderiam aumentar desproporcionalmente o risco de serem abandonados pelos donos.”

 

Segundo os autores do estudo é importante informar os detentores de animais que sofrem de AD como forma de inclusão do tratamento, com o objetivo de reduzir os fatores de stresse ambiental e proteger a ligação homem-animal, o que, segundo Harvey, poderia ter efeitos sobre a própria comichão.

Pode aceder ao estudo completo aqui.

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