Um estudo recente concluiu que a variabilidade da frequência cardíaca dos cães e dos seus tutores é sincronizada durante os momentos de interação, mostrando que o vínculo entre ambos vai para além do emocional.
De acordo com o estudo, este fenómeno foi observado tanto durante os períodos de descanso como durante tarefas específicas de interação, tais como acariciar, brincar e treinar.
Nos momentos de descanso, quando não existiam tarefas externas para realizar, a variabilidade da frequência cardíaca de ambos sincronizou-se, indicando relaxamento. No entanto, em atividades mais dinâmicas, como brincar, os ritmos cardíacos entre cães e tutores foram mais sincronizados.
Os investigadores explicam que a variabilidade da frequência cardíaca é um indicador do estado do sistema nervoso autónomo, tendo sido relacionada com os estados emocionais de cães e tutores.
A análise também constatou que existem certas características do cão e do seu tutor que influenciam esta sincronização, tais como: a altura do cão, pois cães de maior porte apresentaram uma maior variabilidade da frequência cardíaca; a duração do vínculo, quanto mais tempo estiverem juntos, maior será a sincronização; assim como o facto de tutores mais propensos a se preocuparem com elementos e situações negativas tenderem a desenvolver laços mais estreitos com os seus cães, fazendo-os assim sentirem-se mais seguros.
Os investigadores concluíram ainda que as mesmas bases fisiológicas e emocionais que reforçam os laços de apego entre os humanos também estão presentes na relação entre os cães e tutores. “Isto sugere que níveis de ativação e atividade emocional são transmitidos entre os dois, criando uma conexão semelhante àquela que existe nas relações humanas íntimas”, explicam os cientistas.
“Compreender essa conexão pode ser fundamental para melhorar a qualidade de vida de cães e tutores, por exemplo, em situações de stress ou doença. Assim, incentivar a interações positivas pode beneficiar tanto o cão quanto o ser humano. Além disso, estas conclusões podem abrir novos caminhos para a utilização de cães em terapia, onde a ligação emocional e fisiológica desempenha um papel crucial”, enfatizam os investigadores.