Foi apresentada esta semana a primeira equipa cinotécnica de deteção de venenos em Portugal. A unidade da Guarda Nacional Republicana (GNR) é composta por militares do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente e por sete cães. A iniciativa surge no âmbito do projeto ‘Life Imperial: Conservação da águia-imperial ibérica’, no qual a unidade irá colaborar até 2018.
Numa nota enviada às redações, a GNR explicou que “o projeto tem como objetivo promover o aumento da população de Águia-imperial ibérica em Portugal, sétima ave de rapina mais ameaçada do mundo pela ação humana, nomeadamente pelo abate a tiro e envenenamento, sendo este último método uma das principais causas de mortalidade não natural da espécie em Espanha.”
As três equipas cinotécnicas especializadas na deteção de venenos criadas neste projeto (com sete cães pastores Belga Mallinois), em conjunto com militares do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) vão intervir nas Zonas de Proteção Especial (ZPE) da Rede Natura 2000 das regiões de Castro Verde, Vale do Guadiana, Mourão/Moura/Barrancos e Tejo Internacional, Erges e Pônsul.
“A criação de binómios detetores de venenos irá aumentar a capacidade de vigia e controlo da ameaça, onde o despiste de casos de envenenamento na natureza será efetuado por patrulhas cinotécnicas regulares nas áreas de intervenção do projeto que terão um carácter Preventivo, Reativo e Criminal”, segundo a nota enviada pela GNR.
As patrulhas cinotécnicas pretendem detetar situações de uso ilegal de venenos, nomeadamente a presença de iscos envenenados; verificar situações com cadáveres ou animais selvagens ou domésticos, com indícios de envenenamento; e facilitar a abertura de processos criminais com uma maior quantidade e qualidade de provas obtidas.
Águia-imperial-ibérica encontrada morta no Alentejo
Já no início deste ano, as autoridades encontraram uma águia-imperial-ibérica morta por suspeita se envenenamento nas planícies do Baixo-Alentejo, na mesma região em que nos últimos meses têm sido encontradas outras aves também envenenadas.
De acordo com a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), citada pela TSF, a espécie “está entre as aves de rapina mais raras do mundo, é uma das espécies mais ameaçadas da Europa e em Portugal é classificada com o estatuto de Criticamente em Perigo”.
Como explica a LPN, é precisamente nesta região que se têm detetado “muitos casos de mortalidade de várias espécies por possível envenenamento”.
O uso de veneno é apontado como uma prática corrente na Península Ibérica, mas em Portugal, em particular, “o efeito real do uso ilegal de venenos é ainda desconhecido mas os casos identificados indiciam um elevado e abrangente uso ilegal de tóxicos”, razão pela qual a equipa cinotécnica de deteção de venenos agora criada no país é tão importante.