Um novo estudo publicado na revista científica Scientific Reports revelou que o stress relacionado com o trabalho pode afetar não só os trabalhadores, mas também os seus cães.
A investigação demonstrou que os tutores que continuam a pensar em problemas profissionais fora do horário laboral têm maior probabilidade de ter cães que manifestam sinais de stress.
O estudo envolveu 85 tutores de cães, com os investigadores a avaliarem o nível de stress profissional dos participantes e com que frequência estes continuavam a pensar em trabalho durante o seu tempo livre. Em paralelo, analisaram comportamentos típicos de stress nos cães, como choramingar, andar de um lado para o outro ou agitação incomum.
Os resultados foram claros: quanto maior o stress do tutor, maior a incidência de comportamentos de stress no cão. Esta ligação manteve-se mesmo quando foram tidos em conta outros fatores de stress no ambiente doméstico. A análise também revelou que muitos tutores não se apercebiam de que os seus cães estavam stressados.
Os investigadores explicam que este fenómeno é conhecido como efeito de transposição emocional (crossover), em que o stress de uma pessoa acaba por afetar emocionalmente outros membros do agregado — neste caso, o cão. Estudos anteriores já tinham demonstrado este efeito entre cônjuges, mas esta investigação mostra que também se aplica à relação entre humanos e animais de companhia.
Os cientistas sublinham que os cães são especialmente sensíveis aos estados emocionais dos seus tutores, conseguindo detetar alterações através do tom de voz, linguagem corporal e outros sinais subtis, um fenómeno que a ciência designa como “contágio emocional”.
Outra conclusão relevante prende-se com o impacto indireto do stress laboral. Quando os tutores estão mentalmente absorvidos por questões de trabalho, tendem a ser menos pacientes, mais distantes e menos consistentes com rotinas diárias, como passeios ou horários de alimentação. Esta quebra na previsibilidade e no cuidado pode agravar o stress nos cães.
Segundo os autores do estudo, é importante que os tutores reconheçam o impacto que o seu estado emocional pode ter no bem-estar dos seus animais e, ao mesmo tempo, contrariarem comportamentos que gerem inquietação.

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