iStock A telemedicina veterinária está a consolidar-se como uma das maiores inovações no setor da saúde animal. Segundo o mais recente relatório da Veterinary Virtual Care Association (VVCA), esta modalidade de cuidados está a transformar a forma como os serviços veterinários são prestados, promovendo mais acessibilidade, eficiência e inovação em todo o mundo.
O relatório de 2024, que analisou mais de 2 milhões de dados clínicos e mais de 500 mil interações digitais, mostrou que a adoção da telemedicina veterinária está em franca expansão em países como os Estados Unidos da América (EUA), Canadá e Reino Unido, mas também em mercados emergentes, onde esta tecnologia está a colmatar lacunas no acesso à saúde animal.
Entre os principais benefícios apontados está a redução de barreiras geográficas, económicas e logísticas, permitindo que tutores de animais em zonas remotas ou com mobilidade reduzida possam aceder a consultas, diagnósticos e aconselhamento profissional sem sair de casa.
Além disso, foi ainda enfatizado que a telemedicina não substitui a prática clínica tradicional, surgindo como um complemento e permitindo modelos inovadores como a monitorização à distância ou a triagem remota, que otimiza os recursos clínicos e reduz o tempo de espera para atendimento.
Apesar do crescimento, o relatório destacou que ainda existe ceticismo dentro da profissão veterinária, sobretudo pela ausência de formação estruturada e de diretrizes regulamentares claras. A VVCA defendeu, por isso, um maior investimento na educação dos profissionais e na criação de boas práticas, que garantam a segurança, ética e eficácia da telemedicina veterinária.
A análise revelou que mais de 50% das consultas realizadas em contexto de cuidados veterinários virtuais foram motivadas por sintomas novos, em vez de doenças crónicas. Os problemas mais frequentemente reportados incluíram problemas gastrointestinais (os mais comuns em todos os países analisados), dermatológicos, musculares, urinários e respiratórios.
Os níveis de satisfação com os serviços de cuidados veterinários virtuais foram muito elevados: 98,4% dos tutores de animais classificaram o serviço com 4 ou 5 estrelas. Além disso, 65% dos casos tratados através de modelos orientados para tratamento resultaram na resolução do problema, enquanto 62% dos casos geridos em modelo de triagem também apresentaram melhoria ou resolução do quadro clínico.
O estudo avançou também que o reconhecimento crescente por parte dos tutores e o avanço tecnológico colocam esta área como uma oportunidade para modernizar e expandir os cuidados veterinários, tornando-os mais adaptados às necessidades atuais da sociedade.
Além disso, a investigação também enfatizou que a utilização de telemedicina está associada a altos níveis de satisfação por parte dos tutores, especialmente devido à comodidade, rapidez e facilidade de acesso a conselhos profissionais — mesmo fora do horário normal de funcionamento das clínicas.
Contrariamente à preocupação relativamente à “distância” entre tutor e profissional, o estudo apontou que, quando bem implementada, a telemedicina fortalece a relação, oferecendo mais pontos de contacto e reforçando a continuidade dos cuidados.
O relatório sublinhou ainda que as faculdades de medicina veterinária ainda não integram, de forma consistente, formação sobre práticas virtuais, o que acaba por criar um desfasamento entre o que os novos profissionais aprendem e a realidade prática em rápida evolução.
