Um estudo revelou que o medo e a frustração são a causa de vários problemas comportamentais em cães e, muitas vezes, são também um dos principais motores para o abandono de animais de companhia, caso a definição e tratamento do problema não sejam eficazes.
De acordo com os investigadores, esta conclusão sublinha a necessidade de uma maior precisão na avaliação veterinária destas problemáticas, de forma a que os especialistas sejam capazes de identificar corretamente estas emoções e, consequentemente, melhorar os resultados clínicos.
A análise, baseada em entrevistas com especialistas comportamentais e veterinários, mostrou que, embora exista consenso sobre a relação entre o medo e estímulos negativos no que toca ao comportamento animal, diferenciar entre medo e frustração continua a ser um desafio difícil de ultrapassar.
“Ambas as emoções podem apresentar comportamentos semelhantes, o que pode levar a erros na avaliação veterinária e, consequentemente, tratamentos ineficazes”, explicam os cientistas.
Muitos profissionais da área recorrem a métodos que aliam a interpretação de sinais comportamentais, com a história, raça e genética do animal. No entanto, a falta de um referencial para diferenciar estas emoções “complica o trabalho clínico e aumenta a possibilidade de diagnósticos incorretos. O uso da intuição e da perceção pessoal pelos veterinários foi um padrão comum no estudo, o que pode introduzir viés nos tratamentos”, enaltecem os investigadores.
A análise também concluiu que é urgente desenvolver uma estrutura de avaliação uniformizada que permita aos especialistas diferenciar com mais precisão as emoções que influenciam os comportamentos problemáticos dos animais de companhia.
“A adoção de uma linguagem mais clara e uniforme para estas problemáticas, aliada a uma maior consciência dos desafios na avaliação do comportamento animal, são passos cruciais para o avanço da prática clínica. Os veterinários que utilizam ferramentas baseadas em evidências vão estar mais capacitados a oferecer diagnósticos e tratamentos mais precisos, ajudando a melhorar o relacionamento entre tutores e animais”, indicaram os investigadores.