Quando se aproxima o verão e a época de férias, há cuidados a reter para cães e gatos. No top of mind dos médicos veterinários estão algumas estratégias que podem tornar esta altura do ano mais leve para animais e tutores.
“A educação para estes cuidados deve ser contínua”, refere a médica veterinária Ana Bartolomeu, alertando a comunidade veterinária para este aconselhamento em contexto de consulta.
O tempo por vezes é escasso e a azáfama da resposta ao principal motivo da consulta acaba por condicionar a disponibilidade para uma explicação mais detalhada destas questões. Neste circuito, o staff da clínica poderá assumir também um papel preponderante como fonte de comunicação. A médica veterinária, que também é technical manager da Nestlé Purina Portugal e gestora da marca Pro Plan Veterinary Diets, sugere que o tempo de espera na receção possa ser rentabilizado nesse sentido. “A equipa clínica, auxiliares e enfermeiros, que muitas vezes têm um contacto prévio com os tutores antes da consulta, podem também sensibilizar para estas questões.
Neste contexto, Ana Bartolomeu deixa algumas dicas práticas a ter em conta nesta altura do ano.
Gato: Evitar acidentes e garantir a hidratação
As janelas abertas podem representar um elevado risco de queda para os gatos. “Muitos tutores julgam que estes animais estão sempre seguros e não caem porque estão habituados a equilibrarem-se, mas os acidentes acontecem.” Sendo este um dos principais motivos de urgência no verão com os gatos, torna-se importante manter as janelas controladas.
Do ponto de vista nutricional, e numa altura em que as perdas de água são maiores, pode haver risco de desidratação. Muitas vezes, o animal acaba por não consumir a água que seria expectável e é necessário um cuidado especial para aumentar o consumo de alimentos húmidos, que permitirão um maior aporte de água. Para o efeito, reforça a médica veterinária, “é importante ter disponíveis suplementos de hidratação e recorrer a outras técnicas como, por exemplo, fontes de água. A aromatização também pode ser uma opção simples e de baixo custo. Este processo poderá ser feito com “a água da cozedura de carne ou peixe, congelando-a em cubos e colocando depois os cubos de gelo nas taças”. Tornando-se mais palatável, esta é uma forma interessante de os atrair a ingerir mais água.
Como é sabido, o gato gosta de permanecer num ambiente que conhece, por isso deverá permanecer no lar, em contexto de férias. Preferencialmente, sempre que seja possível, a médica veterinária sugere visitas regulares de alguém com quem o animal já esteja familiarizado para que o possa estimular e repor-lhe o alimento e a água. Em alternativa, se não for possível proporcionar este tipo acompanhamento, existe a hipótese de recorrer a serviços de pet sitting ou a hotéis para gatos. Nestes casos, é importante fazê-lo acompanhar de objetos que lhe são familiares no período de permanência, para que a mudança de espaço seja vivida de forma mais suave.
Cão: Golpes de calor e proteção para queimaduras solares
Em relação ao cão, o principal risco que o acomete são os golpes de calor. “Deixarem os animais dentro dos carros, sem controlo de temperatura interna, pode colocá-los em risco e de forma muito rápida. Deixar frinchas não é suficiente”, revela.
A exposição à temperatura elevada no exterior, também deve ser tida em conta, particularmente a temperatura do pavimento. “As almofadas plantares dos cães podem ter queimaduras graves. Para evitar isso, sugere-se ao tutor que coloque a palma da mão para testar a temperatura.” Por outro lado, existe também a preocupação com as queimaduras solares, muitas vezes esquecidas. Para o efeito, Ana Bartolomeu nota que existem soluções específicas, e adequadas à espécie, para proteger as zonas mais expostas do animal, como as pontas das orelhas e a ponta do nariz.
No momento de levar o animal de férias, torna-se importante uma preparação prévia, assegurando que as praias e os hotéis são dog friendly. Dentro de casa, exigem-se também alguns cuidados que passam pela climatização do ar e pelo recurso a tapetes refrescantes, tornando o espaço em que o cão se deita mais confortável.
No campo nutricional, além do alimento seco completo, à semelhança dos gatos, deve-se também promover a alimentação mista, recorrendo a alimentos húmidos que irão ajudar a repor o aporte de água.